Logo O POVO+
Voto da bancada cearense foi vitória para Bolsonaro
Foto de Érico Firmo
clique para exibir bio do colunista

Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Voto da bancada cearense foi vitória para Bolsonaro

Tipo Opinião
Câmara dos Deputados (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)
Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados Câmara dos Deputados

A bancada federal do Ceará repetiu os votos do primeiro turno e seguiu rachada ao meio no segundo turno da reforma da Previdência. A divisão é uma vitória da base de Jair Bolsonaro (PSL). O Ceará é um estado de forte inclinação oposicionista. De maciça votação contra o presidente. E tem realidade complexa como talvez nenhum outro. Além de um governador do PT, tem forte influência do PDT. Nessa realidade, Bolsonaro ter metade dos votos é uma vitória. (A rigor, foram 11 a favor e 10 contra. Mas, José Guimarães, ausente para tratamento médico, é veementemente contra).

A oposição a Bolsonaro na bancada cearense

Os votos contra foram das bancadas do PDT, PT e PSB - todos partidos que tiraram posição contra - além de Célio Studart (PV) e Capitão Wagner (Pros). Ao mesmo tempo, começa a se configurar uma ala de inclinação pró-Bolsonaro na bancada cearense.

Os votos pró-reforma no Ceará

Na eleição, o único deputado federal bolsonarista puro sangue no Ceará era Heitor Freire (PSL). Hoje, ganhou a companhia no governismo de Aníbal Gomes (DEM), Dr. Jaziel (PL), Genecias Noronha (SD), Júnior Mano (PL), Moses Rodrigues (MDB), Roberto Pessoa (PSDB) e Vaidon Oliveira (Pros). Pragmático, o coordenador da bancada Domingos Neto (PSD) é outra aquisição da base governista. Outro posicionamento que chama atenção é de Pedro Augusto Bezerra (PTB), filho do prefeito de Juazeiro do Norte, Arnon Bezerra (PTB).

E há AJ Albuquerque (PP), filho do ex-presidente da Assembleia Legislativa, Zezinho Albuquerque (PDT). O pai é secretário de Camilo Santana (PT) e articulador de confiança do grupo Ferreira Gomes, que atua com energia na oposição à reforma. O filho votou pelas mudanças previdenciárias.

Aliás, é bastante evidente que metade da bancada do Ceará não estaria com o governo Bolsonaro não fosse a atuação nesse sentido do governador Camilo. A despeito de não ter levado para o lado da reforma justamente os parlamentares mais próximos a ele, que são de PT e PDT. Em parte pela posição nacional das duas legendas. De modo que o único camilista mais convicto a ter votado com o governo Bolsonaro foi mesmo AJ Albuquerque.

Tasso deverá usar estratégia de Lula na Previdência

No Senado, Tasso Jereissati (PSDB) terá protagonismo na tramitação da reforma. Uma definição já há: a articulação pró-reforma trabalhará para aprovar o texto sem mudanças. Se houver alteração, ele precisará voltar para a Câmara dos Deputados. E as mudanças vão demorar ainda mais para entrar em vigor.

Por outro lado, há pelo menos uma grande alteração que já está sinalizada pelos senadores: a inclusão de estados e municípios. Não é pouca coisa. Pelo contrário, atingirá a maior parte do serviço público brasileiro.

Mas, como fará isso sem mexer no texto da Câmara? A receita foi ensinada pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O segredo chama-se PEC paralela. Os senadores aprovam o texto da Câmara tal como chegar. Sem mudanças, ele é promulgado e entra em vigor. Porém, os senadores apresentam uma outra proposta de emenda à Constituição (PEC), com as mudanças que pretendem fazer - no caso, a entrada de estados e municípios.

Essa PEC paralela precisa passar pela Câmara. Leva mais tempo. Todavia, enquanto isso, as mudanças já aprovadas estarão em vigor.

Esse estratagema foi adotado pela base governista de Lula na reforma de 2003.

Foto do Érico Firmo

É análise política que você procura? Veio ao lugar certo. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?