Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Quando levou a facada de Adélio Bispo de Oliveira, em 6 de setembro de 2018, Jair Bolsonaro (PSL) já era favorito para se eleger presidente da República. O mais provável é que saísse vitorioso de qualquer maneira. Alguns dias antes, O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) havia confirmado de forma definitiva que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não poderia ser candidato. Fernando Haddad (PT) não havia sido escolhido substituto. Bolsonaro liderava as intenções de voto. Porém, é fato que aquela facada se tornou parte da história política brasileira e teve tremendo efeito na eleição. O resultado poderia ser o mesmo. Era o mais provável. Mas, o caminho seria diferente.
Antes de mais nada, é importante que se diga que houve um crime, um atentado inaceitável, absurdo. Opositores cogitam que seria armação e se baseiam em conjecturas. É o tipo de acusação que, ou é feito com provas bem contundentes ou é melhor ficar calado. Não há nenhuma evidência que mostre algo diferente de que Bolsonaro foi vítima de um atentado contra a vida dele. Ponto.
Aquele atentado mudou a forma como a campanha transcorreu, sem dúvida. Impediu Bolsonaro de fazer campanha durante todo o mês final do segundo turno. Restringiu gravações e inviabilizou atos públicos. Obviamente, isso é uma desvantagem.
Mas, o atentado teve suas vantagens para o hoje presidente, é bem claro. Bolsonaro já vinha dizendo que não iria a debates, pelo menos alguns. Já havia faltado a uns e disse que não iria a outros. Tornava-se por isso alvo de cobranças e desgastes. Em um deles, na RedeTV, o desempenho foi bem ruim, a repercussão foi negativa. Bolsonaro deixou evidente que preferia não ir aos debates a ir. Pois bem, a facada deu a ele justo motivo para faltar. Algo que ele já não queria, ganhou argumento difícil de refutar.
Além disso, Bolsonaro teve a seu favor uma narrativa heroica, dramática e de perseguição. Sua campanha fez a mesma coisa que seria feita por qualquer candidato que levasse uma facada. José Serra (PSDB) ensaiou essa narrativa por muito, muito menos - foi quando um objeto foi lançado contra sua cabeça no segundo turno da campanha de 2010. Não colou.
Quer dizer que Bolsonaro perderia a eleição se fosse a mais alguns debates, ou se faltasse a eles? Bom, ele foi a dois e não caiu por isso. Não seria eleito caso não tivesse a narrativa de drama relacionada à facada? Provavelmente venceria do mesmo jeito, pois os fatores determinantes para o resultado eleitoral foram outros.
Porém, aquele crime na tarde de 6 de setembro, um ano atrás, mudou a forma como a campanha transcorreu, demarcou um novo patamar de rivalidade política entre os polos, acirrou emoções, contribuiu para o ambiente político piorar ainda mais.
De lá para cá não melhorou mais.
As destituições no PTC
O mundo dá voltas em uma velocidade difícil de acompanhar. Comentei ontem a destituição da direção do PTC para manter o apoio do partido a Roberto Cláudio (PDT). Ocorre que, sete anos atrás, em abril de 2012, o partido destituiu o presidente estadual Marcelo Mendes para apoiar Elmano de Freitas (PT) contra o próprio Roberto Cláudio, que naquele ano chegaria à Prefeitura. Elmano, por sua vez, concorria com apoio da então prefeita Luizianne Lins (PT).
Não parou aí. As negociações prosseguiram e, na oficialização das candidaturas, o PTC acabou apoiando foi Roberto Cláudio mesmo. Não sem antes haver nova disputa interna. Porém, essa decisão só durou o primeiro turno. No segundo turno, o partido mudou de lado e acabou apoiando Elmano de Freitas. Que, no fim, perdeu.
Vê-se que a condução do PTC é um tanto programática.
E bastante alinhada com quem está no poder - não importa que esse poder mude.
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