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Roberto Cláudio aposta em "plebiscito" em 2020
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Roberto Cláudio aposta em "plebiscito" em 2020

Tipo Opinião

Capitão Wagner (Pros) é o primeiro candidato a se lançar em pré-campanha aberta para 2020. É um nome forte, sem dúvida. Contra Roberto Cláudio (PDT) no cargo em 2016, levou a disputa para o segundo turno, e de forma competitiva. Nas pesquisas internas, aparece com muita força. O prefeito, porém, não tem candidato definido. Nem ao menos um nome que desponte. Mesmo assim, quem conversa com o atual prefeito constata seu otimismo sobre a chance de fazer o sucessor.

Roberto Cláudio, inclusive, parece querer evitar que alguém desponte neste momento. Dentro do manual político do seu grupo, antecipar esse tipo de movimento significa tirar foco da administração que se encerra - e cuja força é crucial para a eleição seguinte. É também expor estratégia antes do tempo e dar armas aos adversários.

O prefeito acredita que a força da administração será maior que a do candidato que vier a apoiar. Daí minimizar a força de Wagner. Salvo uma reviravolta nas articulações - improvável, mas não impossível - o candidato governista não será um nome com a força do Capitão.

A estratégia dele para buscar a vitória, nessas condições, é transformar a campanha menos em um embate entre candidatos. Quer fazer dela um plebiscito sobre a administração que se encerra.

  CAPITÃO Wagner é pré-candidato que mais se movimenta em Fortaleza
CAPITÃO Wagner é pré-candidato que mais se movimenta em Fortaleza

Aposta em obras e continuidade

O adiamento de qualquer movimento passa pela crença de que, se a administração estiver mal avaliada, não importa o candidato: o candidato do prefeito perde. Então, a força da administração é condição para o sucesso eleitoral governista. E mais que isso.

Capitão Wagner lidera as intenções de voto, mas pesquisas internas também indicam que a administração está bem avaliada. Com pacotes de obras por entregar, o Paço Municipal acredita que a população tenderá a votar num candidato de continuidade. Então, no momento certo, a Prefeitura procurará apresentar um candidato que encarne perante a população que o projeto não será interrompido.

O raciocínio tem fundamento: não tem candidato bom se a gestão que o lançou estiver mal. Porém, isso não significa que, se a gestão for bem avaliada, isso será o bastante para fazer o prefeito. É condição necessária, mas não suficiente. O Ceará tem o exemplo de Lúcio Alcântara em 2006: governador bem avaliado que perdeu a eleição no primeiro turno.

A receita de RC já foi testada. Foi o que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez com Dilma Rousseff (PT) em 2010. E o que Cid Gomes (PDT) fez com Camilo Santana (PT) em 2014.

Fatores que podem fazer a diferença

Em relação aos exemplos de Dilma e Camilo, há dois fatores que podem determinar um desfecho diferente em 2020.

Um deles é a força do adversário que estava do outro lado antes e que estará em 2020.

A outra é o eventual sentimento de mudança. Quando ele existe, é fatal para as administrações estabelecidas. Em 2006, foi o que derrotou Lúcio.

No plano federal, ele foi visto com força em 2018. E Wagner tem possibilidades bem razoáveis de ter o apoio do partido de Jair Bolsonaro (PSL).

Porém, aí reside outro fator com que a administração municipal conta: no Nordeste, e Fortaleza em particular, a aprovação de Bolsonaro não anda das melhores nas pesquisas.

Não à toa, Wagner tem evitado atrelar a imagem ao presidente.

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