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Cortar bolsas é rasgar contratos, mas mercado não liga
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Cortar bolsas é rasgar contratos, mas mercado não liga

Tipo Análise

Pergunte a qualquer dos agentes ou operadores do mercado o que ele acha sobre o governo descumprir contratos, compromissos ou acordos. A ideia de ruptura dos pactos firmados dá calafrios nos meios econômicos, com justificada razão. Descumprir o acertado costuma ter efeito econômico desastroso. O Brasil viveu isso na época de José Sarney e a Argentina vive isso hoje com Mauricio Macri. Investidores têm calafrios, o País perde credibilidade e, portanto, dinheiro. Porém, depende do tipo de acordo que é descumprido. Os efeitos negativos e a reação do mercado acontecem se for rompido o pactuado com gente grande, que tem muito dinheiro. Compromissos com o andar de baixo são quebrados todo dia e o meio financeiro nem dá por isso.

Agora mesmo o governo vem deixando seguidamente de pagar as bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes). De 11.811 bolsas da Capes que estavam contingenciadas, 3.182 foram liberadas na semana passada e 8.692 permanecem sem ser pagas. O CNPq teve de remanejar recursos e suspendeu edital de novas bolsas. No O POVO de ontem, reportagem do jornalista Nut Pereira mostra este impacto na Universidade Federal do Ceará (UFC).

São pessoas que fazem ciência, com formação de ponta, que se submeteram a seleções públicas para receberem esse dinheiro. Milhares deles sobrevivem desse dinheiro. Dependem disso. A forma como essas bolsas deixam de ser pagas é irresponsável. Muito se fala e se cobra responsabilidade fiscal. Isso é uma irresponsabilidade com seres humanos, com pesquisadores, com a educação, com a ciência e com o futuro. Um absurdo que não pode ser tolerado com normalidade.

Fizesse o governo a mesma coisa com os títulos públicos, se Paulo Guedes resolve dar calote em quem aplicou dinheiro no Tesouro Direto, avalie aí o tamanho da confusão. Todo mundo ia cobrar o respeito aos contratos etc. Cobraria com razão. Porque o combinado não sai caro nem barato. Isso vale para os megainvestidores e para os pesquisadores que dependem dessas bolsas para viver. Vale para algumas das mentes mais brilhantes do Brasil, que tiveram de atender a critérios diversos para receber essas bolsas. E são tratados com desdém, como se fossem desperdício de dinheiro, verba mal aplicada. Isso é sintoma do descaso com que se trata o conhecimento e a ciência no Brasil.

O corte de bolsas de pesquisa no Brasil é o financiamento do nosso atraso. Tem gente que acha que isso nada tem a ver com economia.

Ouça podcast Recorte sobre corte nas bolsas:

Listen to "#137 - Os impactos dos cortes do MEC nas bolsas de pesquisa" on Spreaker.

Esvaziamento da Petrobras preocupa governadores nordestinos

Izolda Cela representou Ceará no encontro de governadores do Nordeste
Izolda Cela representou Ceará no encontro de governadores do Nordeste

Os governadores do Nordeste voltaram a se reunir na segunda-feira, 16, em Natal (RN). Foi o primeiro encontro depois do lançamento do edital de compras coletivas do agora chamado Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste. Com Camilo Santana (PT) em viagem, representou o Ceará a vice-governadora Izolda Cela. No documento final do encontro, ficou registrada a "profunda preocupação" dos governadores com "os atuais sinais de drástica redução da presença da Petrobras na região". Os gestores se dispõem a dialogar e buscar alternativas para manter e expandir as atividades da Petrobras nos estados do Nordeste. Não parece ser este o plano do Governo Federal.

O projeto levado a cabo por Paulo Guedes é se desfazer de tudo aquilo que está no entorno da empresa. Por exemplo, o governo já se desfez do controle acionário da BR Distribuidora. E avança o processo para venda de quatro refinarias, entre elas a Lubnor, no Mucuripe.

Os governadores veem sinais de redução da presença da Petrobras e é exatamente o que pretende o Governo Federal. Tais sinais ficarão mais nítidos.

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