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Camilo mudou postura do Estado em relação a facções e acertou
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Camilo mudou postura do Estado em relação a facções e acertou

Tipo Análise

A recente onda de ataques é reflexo do enfraquecimento das facções criminosas. Uma reação, previsível, à postura que o governo Camilo Santana (PT) tomou desde o início do ano. Pelo menos desde o ano passado, a administração estadual mudou o comportamento em relação às facções criminosas. Isso foi seu acerto.

Nos primeiros anos do governo Camilo, a presença e a relevância de facções criminosas era minimizada. Aliás, desde o governo Cid Gomes (PDT), a epidemia de violência no Estado era tratada como resultado do consumo de crack. Seriam criminosos pulverizados, sem articulação alguma, que roubavam para comprar droga. Àquela altura, todavia, já havia certo grau de organização. Os homicídios eram, desde então, resultado de disputas por territórios e mercado de entorpecentes.

Quando Camilo chega ao poder, o olhar se manteve. O então secretário da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Delci Teixeira, dizia haver exagero sobre as facções. "Qualquer pirangueiro que joga uma pedra no vidro da janela de uma delegacia, por exemplo, já é considerado o novo Al Capone. Aí, chega no presídio como se fosse um bandido de extrema periculosidade", disse à rádio O POVO CBN em 27 de abril de 2016. O atual secretário, André Costa, também assumiu minimizando o risco das facções. A postura mudou, notadamente desde 2018.

Naquela oportunidade, intensificaram-se as ocorrências de chacinas. Então, o governo passou a reconhecer que havia grupos com algum nível de organização atuando. Aí o combate mudou de patamar. É o que eu escrevia quando Delci falava de "pirangueiros": se você se prepara para enfrentar criminosos organizados e se depara com pequena delinquência, estará superpreparado. Por outro lado, se estiver preparado para "pirangueiros" e se deparar com facções organizadas, terá problemas.

A partir da chacina das Cajazeiras, no início de 2018, o governador Camilo Santana adotou outra postura. Passou a articular com o Governo Federal, de forma ostensiva, respostas para a crise no Ceará. Desde o início deste ano, a política em relação aos presídios mudou.

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O trabalho para desarticular facções hoje é mais coordenado, organizado e profissional. O governo acertou porque fez uma guinada em relação ao que historicamente acontecia: passou a levar o crime a sério. Isso é muito importante. Não subestimar, não baixar a guarda, manter a vigilância.

Num passado bem recente, os governos se deparavam com números desalentadores da violência e, resignados, mostravam o quanto estavam gastando com isso. Era o pior dos mundos: muito dinheiro investido e nenhum resultado.

O que Bolsonaro pretendia

com o discurso da ONU?

Bolsonaro não precisava ir até a ONU fazer discurso que fala ao seu eleitorado
Bolsonaro não precisava ir até a ONU fazer discurso que fala ao seu eleitorado (Foto: Reprodução/ TV Brasil)

Jair Bolsonaro (PSL) fez nas Nações Unidas o que faz no Twitter. O discurso dele confrontou a opinião pública mundial. Para os defensores dele foi altivez. Não melhorou a imagem do Brasil perante o mundo, mas reafirmou suas posições.

 

O que ele conseguiu com isso?

Falou para os eleitores dele. Aqueles que não votaram só por antipetismo, mas por convicção. Ele falou ao coração do sentimento mais radical que o elegeu. Com isso, mantém a militância animada, agita as redes sociais. Arregimenta seus defensores.

Bolsonaro foi à ONU e falou para o bolsonarismo. Tinha uma plateia, obviamente, bem mais ampla. Não precisava ter ido tão longe falar para quem falou.

Os seguidores de Bolsonaro criticam a "lacração" da esquerda. Bolsonaro foi na ONU protagonizar uma tentativa de "lacração" conservadora.

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