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Um Camilo petista como nunca se viu
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Um Camilo petista como nunca se viu

Tipo Opinião
O governador Camilo Santana foi a São Paulo encontrar e comemorar Lula livre (Foto: REPRODUÇÃO/INSTAGRAM)
Foto: REPRODUÇÃO/INSTAGRAM O governador Camilo Santana foi a São Paulo encontrar e comemorar Lula livre

A soltura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) provavelmente foi o momento de Camilo Santana mais petista e menos Ferreira Gomes. Referiu-se a ele como "o maior presidente que este país já teve" e foi a São Paulo encontrá-lo.

Bem diferente das manifestações dos Ferreira Gomes, que ou ficaram em silêncio ou fizeram provocações. Ontem, por exemplo, Ciro disse que Lula "não saiu da cadeia inocente, nem inocentado" e que o PT está "de novo, enganando e explorando a boa fé da população brasileira".

Até ser reeleito, Camilo defendia que o candidato fosse Ciro e não Lula (segundo ele, não deixariam o petista ser candidato, o que acabou ocorrendo. Mas a estratégia do partido foi insistir até o limite).

Depois da reeleição com votação recorde, Camilo parece se sentir mais à vontade para não seguir o alinhamento automático com os líderes do grupo.

Os caminhos para rever decisão sobre 2ª instância

Está intenso o movimento no Congresso Nacional para mudar a Constituição e restituir a prisão após a segunda instância. Não é a única forma de tentar reverter a decisão tomada na semana passada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O outro caminho será mais demorado do que pretendem esperar os congressistas. Mas é mais seguro.

O STF deliberou sobre o assunto pela quinta vez em uma década. Não mostra muita seriedade a mais alta corte da Justiça no País retornar sempre ao tema, mudar a posição do colegiado algumas vezes e quase sempre com oscilação da posição também dos ministros. Não mostra instituições muito estáveis ou previsíveis. Esses são dois critérios de segurança jurídica.

As decisões sobre o assunto têm invariavelmente rachado o tribunal. Dois placares 7 a 4, dois 6 a 5. O julgamento da semana passada pode não ser definitivo e já há gente acenando para rever isso a partir do fim de 2020.

Explico: o decano do STF, Celso de Mello, completa 75 anos e se aposenta compulsoriamente em 1º de novembro de 2020. Ele é raro caso de voto que nunca mudou sobre essa questão: desde 2009, vota contra prisão em segunda instância e após trânsito em julgado. Com ele fora, o substituto será indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL). Não é difícil imaginar que a posição a esse respeito será um dos critérios primordiais para a definição do novo ministro. No entorno do presidente, já se fala dessa troca para mudar a correlação de forças, de 5 a 6 para 6 a 5 pela condenação em segunda instância. Uma nova provocação pode fazer o Supremo voltar ao assunto.

É terrível que questão tão séria seja tratada ao sabor das circunstâncias políticas e da correlação de forças. Trata-se da interpretação da Constituição, não de opinião de botequim.

Um STF mais à feição de Bolsonaro

Em julho de 2021, quem se aposentará será Marco Aurélio Mello. Mais uma indicação do presidente. Que deverá ser alinhada com a Lava Jato. Com isso, a atual divisão do STF deverá dar lugar a uma composição bem mais inclinada a punições mais implacáveis. Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Rosa Weber tendem a ser minoria nessa ala chamada garantista - por se preocupar em assegurar as garantias individuais. Será um STF bem mais à feição do bolsonarismo.

O primeiro nome

No O POVO de domingo, a coluna de Lauro Jardim informa que Sergio Moro está de olho na vaga que abrirá no ano que vem.

Por isso, está disposto a engolir todos os sapos que lhe têm sido impostos no governo.

 

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