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"Coincidência" de pensamento com Goebbels não elimina fato de que Alvim pensa como o nazista
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

"Coincidência" de pensamento com Goebbels não elimina fato de que Alvim pensa como o nazista

A coincidência importa menos que a evidência de que ele defendeu ideias iguais às do nazismo. O mais grave é que ele pense como o ministro nazista
Tipo Opinião
À direita, Goebbels, e foto de Hitler ao fundo. À esquerda, Alvim, e foto de Bolsonaro ao fundo (Foto: REPRODUÇÃO/YOUTUBE)
Foto: REPRODUÇÃO/YOUTUBE À direita, Goebbels, e foto de Hitler ao fundo. À esquerda, Alvim, e foto de Bolsonaro ao fundo

Ao explicar a repetição de um discurso do ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels, Roberto Alvim justificou ser coincidência. Disse que não o citou, nem o faria. O agora ex-secretário nacional da Cultura fez nova publicação na sequência, dizendo que "no meu pronunciamento, havia uma frase parecida com uma frase de um nazista". Enfatizou que não havia nenhuma menção ao nazismo. "e eu não sabia a origem dela."

Disse que escreveu o discurso "a partir de várias ideias ligadas à arte nacionalista, que me foram trazidas por assessores". E acrescentou: "Se eu soubesse da origem da frase, jamais a teria dito." Declarou ainda "repúdio a qualquer regime totalitário" e "absoluta repugnância ao regime nazista".

Bom, vamos lá. A coincidência importa menos que a evidência de que ele defendeu ideias iguais às do nazismo. Não importa tanto a referência direta a Goebbels. O mais grave é que ele pense como o ministro nazista.

E, vamos combinar, não é coincidência. Há a frase quase ipsis litteris. Há o cenário montado, a música. É muita coincidência, vamos combinar.

Pode ser que Alvim mesmo não soubesse, mas a ignorância não o absolve. Se não foi ele foi algum dos seus assessores, que colaboraram na construção do discurso. Ele fez o discurso, ele deve assumir a responsabilidade pelo que disse. Fosse uma peça de excelência retórica, os elogios iriam para ele, ora bolas.

E no mínimo, o secretário nomeou simpatizantes nazistas para assessorá-lo. Não se sabe se foram demitidos juntos com ele.

Abaixo, as duas manifestações de Roberto Alvim no Facebook:

Primeiro, escreveu:

"UM BREVE ESCLARECIMENTO SOBRE MEU DISCURSO:

o que a esquerda está fazendo é uma falácia de associação remota:

com uma coincidência retórica em UMA frase sobre nacionalismo em arte, estão tentando desacreditar todo o PRÊMIO NACIONAL DAS ARTES, que vai redefinir a Cultura brasileira...

é típico dessa corja.

repito: foi apenas uma frase do meu discurso na qual havia uma coincidência retórica.

eu não citei ninguém.

e o trecho fala de uma arte heróica e profundamente vinculada às aspirações do povo brasileiro.

não há nada de errado com a frase.

todo o discurso foi baseado num ideal nacionalista para a Arte brasileira, e houve uma coincidência com UMA frase de um discurso de Goebbles...

não o citei e JAMAIS o faria.

foi, como eu disse, uma coincidência retórica.

mas a frase em si é perfeita:

heroísmo e aspirações do povo

é o que queremos ver

na Arte nacional."

Depois escreveu:

"Caros: ontem lançamos o maior projeto cultural do governo federal.

Mas no meu pronunciamento, havia uma frase parecida com uma frase de um nazista.

Não havia nenhuma menção ao nazismo na frase, e eu não sabia a origem dela.

O discurso foi escrito a partir de várias ideias ligadas à arte nacionalista, que me foram trazidas por assessores.

Se eu soubesse da origem da frase, jamais a teria dito.

Tenho profundo repúdio a qualquer regime totalitário, e declaro minha absoluta repugnância ao regime nazista.

Meu posicionamento cristão jamais teria qualquer relação com assassinos...

Peço perdão à comunidade judaica, pela qual tenho profundo respeito.

Do fundo do coração: perdão pelo meu erro involuntário.

Mas, tendo em vista o imenso mal-estar causado por esse lamentável episódio, coloquei imediatamente meu cargo a disposição do Presidente Jair Bolsonaro, com o objetivo de protegê-lo .

Dei minha vida por esse projeto de governo, e prossigo leal ao Presidente, e disposto a ajudá-lo no futuro na dignificação da Arte e da Cultura brasileiras."

Foto do Érico Firmo

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