PT atrai filiados no Interior e incomoda ala do partido
Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
O PT fez dois movimentos na semana passada que fortaleceram a legenda em municípios estratégicos. Filiou a ex-deputada estadual Mirian Sobreira em Iguatu e recebeu o médico Pedro Coelho em Quixeramobim. São dois nomes de peso na política dos municípios. Integram famílias tradicionais. Fortalecem a legenda nas disputas municipais e, em particular, dão musculatura ao deputado federal José Guimarães (PT), que articulou as filiações. Porém, nem todo mundo no PT está satisfeito.
Um grupo de graduados petistas está incomodado com a natureza desses acordos. Eles apontam que Mirian é tradicionalmente ligada ao grupo Ferreira Gomes e já passou por PPS, PSB, Pros e PDT. Pedro Coelho, por sua vez, passou por PDT, PPS e PSB. É filho de Rômulo Coelho, tradicional nome da política de Quixeramobim.
PT como "partido de aluguel" dos Ferreira Gomes, reclamam filiados
"Ao fazer uso desta prática política, a direção do PT Ceará está levando nosso partido a se transformar numa sigla de aluguel do clã Ferreira Gomes", diz o documento assinado por nomes como Mário Mamede, Deodato Ramalho e Geraldo Accioly.
No documento sobre as novas adesões, o grupo afirma: "Não veem nossos dirigentes que estamos repetindo os mesmos erros, aceitando o modus operandi do sistema político brasileiro, nos aliando a políticos, profissionais da política conservadora, numa perspectiva meramente eleitoreira? Para quê? Apenas para contabilizarmos algumas prefeituras a mais sob a administração de alguém filiado ao Partido, mas sem a garantia de aplicação das políticas públicas e da forma de governar defendida pelo PT para no final o ônus recair todo sobre nós?"
Uma reclamação que o grupo faz está no fato de Mirian Sobreira se filiar ao PT, mas o marido dela, ex-deputado Marcelo Sobreira, e o filho, o deputado Marcos Sobreira, ficam no PDT. A família mantém as portas abertas dos dois lados. A filiação de Mirian, de fato, obedece a cálculo estratégico. Os signatários do documento reclamam: "Tal aliancismo e subjugação do PT às oligarquias, aos ditames do clã dos Ferreira Gomes só é útil para os que querem desmoralizar o Partido, destruí-lo, jogar fora sua história combativa de organização das forças populares".
O fortalecimento
Guimarães, por sua vez, articula o crescimento do partido em contexto desfavorável como há muito não havia. Ele assumiu o mandato de deputado estadual em 2001, herdando a vaga de Ilário Marques, eleito prefeito de Quixadá. Em 2002, quando se elegeu pela primeira vez, em 2002, Lula havia sido eleito presidente. Guimarães se tornou um dos políticos mais influentes do Ceará enquanto o PT era poder. As portas abertas no Governo Federal era um afrodisíaco para prefeitos. Em 2016, Dilma Rousseff (PT) sofreu impeachment às portas da eleição municipal. É a primeira vez neste século que o PT monta os palanques para as disputas nas prefeituras sem estar no poder federal.
A atração de Mirian e Coelho é um movimento que busca manter o partido relevante e crescer mesmo no cenário adverso. Situação que gera foco de insatisfação. O debate em relação a Ciro é nacional, mas é obviamente mais quente no Ceará. A temperatura só subirá até 2022.
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.