Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Os líderes das associações da Polícia Militar estiveram perto de uma grande vitória, mas agora precisam de malabarismo para saírem da enrascada em que se meteram. Foram para a mesa de negociação respaldados pelas categorias. Estavam lá os dirigentes das nove associações que representam policiais militares e bombeiros. Estavam lá vários deputados de oposição. Fecharam um acordo. Agora, querem recuar do entendimento.
A situação é séria e as consequências podem ser drásticas. Os negociadores da parte dos policiais estão numa situação bastante delicada. A credibilidade está em questão. Porque a categoria está desconfiada. E o governo com o qual eles fecharam acordo também tem motivos para estar. Porque eles firmaram entendimento, saíram festejando o que entenderam uma vitória política. Depois se desculpam e dizem que não é bem assim.
Pera lá, gente. São todos adultos, muitos deles com mandatos públicos e pretensões ambiciosas. Não podem tratar as coisas desse jeito. A palavra, o compromisso precisam valer. Falam agora que há recusa à proposta do governo. Ora, a proposta do governo foi a inicial, depois disso houve contrapropostas e houve uma alternativa final construída com eles. Capitão Wagner chegou a postar uma foto deles todos ao computador na elaboração. Não podem fingir que não participaram disso. Eles trouxeram a contraproposta. Fica evidente agora que essa contraproposta não foi pactuada com a categoria. A incorporação das gratificações não é entendida como uma vitória pelo menos por parte da base. A rigor, transforma em certo um ganho que hoje é incerto. Não soa o bastante para quem reage.
Como a questão seria resolvida de outra forma? Se não são os presidentes das associações os negociadores, quem será? O governador vai precisar negociar agora com 20 mil pessoas?
Será interessante ouvir o que os deputados que participaram do acerto dirão da proposta que eles chancelaram e da qual agora recuam. O governo conversou durante uma semana. Agora, mandou sua proposta à Assembleia Legislativa. Vai trabalhar com sua máquina política para aprovar rápido e o governador ficar de prontidão para sancionar rápido.
Pacto de não-agressão
O PT terá candidato à Prefeitura de Fortaleza, isso foi confirmado pela presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, e ninguém mais duvida. Falta definir o nome. E falta, também, escolher a linha de campanha a ser seguida.
Ontem, no programa Debates do Povo, na rádio O POVO CBN, o deputado estadual Acrísio Sena reconheceu que o PT terá candidato. Porém, em nome da aliança estadual com o governador Camilo Santana (PT), ele defendeu pacto de não-agressão com a candidatura do prefeito. Afirmou que o alvo do PT na campanha não deve ser a crítica à gestão Roberto Cláudio (PDT), mas o contraponto ao bolsonarismo, que ele vê no Ceará representado pela candidatura do Capitão Wagner (Pros). Há quatro anos, lembra ele, o PT fez campanha de questionamento à Prefeitura. Acrísio considera que o momento é outro. "Se até na guerra se fez pacto de não-agressão, por que não fazer para a eleição?"
Poupar Roberto Cláudio das críticas é hoje o máximo que se vislumbra no partido como alternativa para contemplar o governador Camilo Santana (PT).
Ocorre que é a mais provável candidata do partido é Luizianne Lins (PT). Alguém acredita que Luizianne candidata vai preservar Roberto Cláudio?
Peso de Camilo
Acrísio é hoje dos raros petistas de relevo a se posicionar em defesa do protagonismo de Camilo no PT. Coisa que, paradoxalmente, o governador não consegue ter ou não trabalha para ter. Porém, Acrísio aponta uma coisa: "Não tem tática vitoriosa sem Camilo." Para ele, sem o governador na campanha, o PT não tem chance.
A rigor, mesmo que Camilo peça voto, a chance de a candidatura petista ir ao segundo turno em Fortaleza não parece hoje das maiores, com qualquer nome.
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