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O ônus político do prejuízo real para os PMs punidos
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O ônus político do prejuízo real para os PMs punidos

Tipo Opinião
Policiais militares fizeram 13 dias de paralisação (Foto: AURELIO ALVES)
Foto: AURELIO ALVES Policiais militares fizeram 13 dias de paralisação

O motim de policiais militares foi movimento em que a massa era composta por jovens. Entre os punidos, pelo menos 100 estão ainda em estágio probatório. Sem estabilidade, portanto. O que levou esses jovens policiais, a maioria gente humilde, cujas famílias precisam do dinheiro que agora é incerto, a embarcar na aventura do motim e aquartelamento?

Esses policiais não estavam na paralisação de 2011 para 2012. Alguns eram adolescentes na época. Mas, conhecem a história narrada em cores épicas. Acompanharam de longe e ouviram a narrativa de quando policiais colocaram um governo de joelhos. De quando pararam, conseguiram o que queriam e saíram anistiados. Quando se mostraram uma força política. Quando líderes conseguiram mandatos eletivos. Um foi o vereador mais votado da história, depois deputado estadual e deputado federal. Outro foi vereador e agora deputado estadual. Um terceiro virou vereador. E houve o que virou deputado federal, hoje está sem mandato e usou o movimento para ressurgir.

Claramente eles se empolgaram, quiseram construir suas próprias histórias. Existia no imaginário de que, se os policiais parassem, o governo não teria alternativa a não ser atendê-los.

Não apenas mostram serem jovens, como maus alunos de história. Em 2011/2012, houve vitória. Em 1997, Tasso Jereissati (PSDB) era governador e agiu de modo implacável. Há diferentes tratamentos na história dos motins. Ficaram com a ideia mítica do 3 de janeiro de 2012.

Não parecia estar na contabilidade do movimento - nem do ex-deputado federal Cabo Sabino (Avante) - a possibilidade de não haver anistia. Não cogitavam um revés político.

O motim termina de forma melancólica. A Constituição do Estado passa a proibir anistia nesses casos. Dois pontos para que nada do tipo nunca mais se repita. Porém, há muitos prejuízos. O maior não é dos policiais. Basta observar o tamanho da mortandade. Porém, há o prejuízo dos punidos. Famílias sofrerão. Profissionais tiveram salário cortado.

Quem vai arcar com esse ônus? Pessoalmente, financeiramente, cada um responde pela sua responsabilidade. Terão direito a defesa, apresentarão suas razões. Jamais poderia ser diferente.

E, do ponto de vista político, quem arcará com esse ônus?

Política rasteira

Dois dos debates da política nacional na semana: 1) a primeira-dama supostamente trairia o presidente Jair Bolsonaro; 2) a deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente do PT, estaria namorando o ex-senador Lindbergh Farias (PT).

A pretexto de fazer oposição pelo deboche, viu-se uma baixaria sexista. A piada com o presidente é grosseira e ofensiva com a primeira-dama - nenhuma novidade, usa-se a mulher para atacar o homem.

Gleisi e Lindbergh não foram hostilizados apenas virtualmente. Foram xingados em um hotel no Rio de Janeiro. Para mostrar que certas coisas são suprapartidárias, fez-se piadas com o ex-ministro Paulo Bernardo, de quem Gleisi se separou já faz algum tempo.

É sintoma da imaturidade e do atraso político quando a vida íntima das pessoas e insinuações de adultérios - contra as mulheres em ambos os casos - torna-se matéria-prima do enfrentamento político.

Vamos deixar a vida privada das pessoas em paz. Há bastante assunto na vida pública brasileira para criticar qualquer campo político. Nem demanda esforço.

 

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