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Quando as reformas darão resultado?
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Quando as reformas darão resultado?

Tipo Opinião

O dia de ontem foi de preocupação na economia mundial, mas não no Ministério da Economia do Brasil. O sentimento dos mercados, das bolsas de valores, dos investidores e dos governos pelo globo não chega ao pedaço Esplanada dos Ministérios que cuida das contas nacionais.

"A equipe econômica é capaz, experiente, segura e está absolutamente tranquila quanto a nossa capacidade de enfrentar a crise", disse Paulo Guedes. Que bom que alguém está absolutamente tranquilo.

Não creio que a equipe econômica ou quem quer que esteja entendendo a situação esteja realmente tranquilo. Mas, Guedes, desta vez, diz o que devia dizer mesmo. O papel dele é trazer a calma possível e trabalhar nos bastidores.

Em outros momentos, ele deu declarações que agravaram cenários de crise. Pelo menos desta feita, Guedes não disse que é bom que o dólar esteja alto, que será necessário se acostumar com dólar mais alto por um bom tempo, que não está preocupado que o dólar suba.

Guedes não convence ao falar da absoluta tranquilidade, até porque a hora não é para tanto. Mas é positivo vê-lo agindo como bombeiro, atuando para reduzir a temperatura, não para aumentar. Não é o maior talento dele, mas ao menos tenta.

Reformas de Paulo Guedes e Bolsonaro precisam mostrar resultados
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Reformas de Paulo Guedes e Bolsonaro precisam mostrar resultados

Reformas: promessa e realidade

Paulo Guedes acha que o Brasil pode ir na contramão do mundo e se sair melhor no período de turbulência. Mas, há uma condição. "Precisamos das reformas. O Brasil pode ser realmente um país que transformou a crise em reaceleração do crescimento, geração de empregos em um mundo que está em sérios problemas."

O discurso de defesa das reformas é recorrente e tem razão de ser em certa medida. Porém, há perguntas que precisam ser respondidas. Sempre que se fala em reformas, há projeções bastante otimistas sobre os impactos. Elas nunca se concretizam. Nunquinha. Então, cobra-se nova reforma. Defende-se mais do que não deu resultado. Porque aí vai. E fica-se nesse ciclo.

Por exemplo, a reforma trabalhista. Iria gerar empregos, reduzir informalidade. No último trimestre de 2017, quando a reforma foi aprovada, havia 12,3 milhões de desempregados, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). Ao final de 2019, eram 12,6 milhões de desempregados. A informalidade subiu.

Então, os defensores das medidas dizem que precisa de medidas complementares. Vá lá que seja. Mas, não era de se esperar ao menos uma ligeira redução do número de desempregados? Que algum impacto positivo mensurável surgisse?

Ano passado, passou a reforma da Previdência. O presidente Jair Bolsonaro falou que a aprovação criaria 4,3 milhões de empregos até 2022. No segundo semestre do ano passado, o crescimento do PIB foi frustrante.

Mas, ok, é necessário fazer a reforma administrativa, reforma tributária… Então, fica combinado: quando se for defender quão imprescindível é uma reforma, já se deixa claro que ela só terá os miraculosos efeitos se forem aprovadas mais três, quatro, dez reformas. Porque na hora de defender, as promessas têm o céu como limite. Céu nunca entregue.

Quando as reformas começarão a mostrar resultados? Quantas reformas serão necessárias?

Quando se faz mudanças profundas, os impactos negativos são bastante claros, mas os benefícios nem sempre são visíveis.

A partir de quando será justo cobrar o que não foi entregue? A partir de quando se poderá dizer: o que vocês projetavam não aconteceu? A partir de quando será aceitável dizer que as políticas fracassaram?

 

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