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Bolsonaro armou arapuca para si e não tem como estar certo
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Bolsonaro armou arapuca para si e não tem como estar certo

Tipo Opinião

O presidente Jair Bolsonaro, com seu modo errático, armou para si uma arapuca da qual não tem como sair. Conduziu a crise do coronavírus de modo tal que sairá mal e estará errado qualquer que seja o desfecho. Comprou brigas com todos os lados - nisso ele é bom. Com governadores, com o Congresso Nacional, com seu próprio ministro da Saúde. Levou a situação até o seguinte ponto:

1) Vamos supor que a condução dos governadores, respaldada pelo ministro Luiz Henrique Mandetta, esteja certa. Seja reconhecida como um acerto, a adequada reação diante de uma emergência tão grave. Vai ficar muito mal para o presidente, que se opôs a ela. Em qualquer governo do mundo, se um ministro tem uma política bem sucedida, o presidente ganha crédito por isso. Afinal, foi ele quem escolheu e colocou o ministro lá. Foi ele quem respaldou as ações. O sucesso de um ministro é um sucesso do governo e do presidente, assim como um fracasso do ministro também é do governo e do presidente. Mas, Bolsonaro conduziu a coisa de modo que ele não irá ganhar se a ação do ministro do seu governo for acertada. Ele vai perder com isso.

2) Suponhamos, por outro lado, que a política de Mandetta e dos governadores se mostre equivocada, ou que ao menos assim seja interpretada pela população. Bolsonaro já disse que o povo perceberá que está sendo enganado pelos governadores. Se for assim, o presidente não ganha. Perde também. Porque não interveio. Se o Mandetta segue no cargo é por causa de Bolsonaro, que o colocou lá e o mantém. Se ele toca a política do modo como faz, é porque o presidente não impõe uma mudança. Bolsonaro se limita a dar palpites, como se fosse você ou eu. A opinião dele tem sido sistematicamente ignorada - e não estou dizendo que as autoridades responsáveis estão erradas em fazer isso. O fato é que Bolsonaro não poderá dizer que avisou. Que era contra. Ele é o presidente da República, caramba. É ele quem manda no governo ou não? Os apoiadores dele pedem para Mandetta sair. Ora, por que não pressionam Bolsonaro a demiti-lo? O ministro só fica lá se o presidente deixar. E vai deixando. Os simpatizantes do presidente têm dito nos últimos dias, também, que Mandetta é responsável pelas mortes. Ora, se for assim Bolsonaro é corresponsável, pois deixa o ministro lá. Não dá para responsabilizar Mandetta por ação nenhuma sem atribuir a parte da culpa a Bolsonaro, que o deixa lá.

O presidente disse que tinha a caneta e ia usar. Mas, não usou até agora. Se demitir, já terá se passado um mês e meio desde a confirmação do primeiro caso no Brasil. Já deixou a coisa correr por bastante tempo. E faz apenas duas semanas daquele pronunciamento absolutamente heterodoxo, no qual Bolsonaro disse que "O doutor Henrique Mandetta vem desempenhando um excelente trabalho." Ao manter Mandetta, Bolsonaro se torna conivente com as políticas. Ao se posicionar contra, boicotar internamente e dar declarações contra, ele atrapalha o ministro e o governo. Mas, não age conforme as prerrogativas e as responsabilidades do cargo.

Pode-se argumentar, não sem razão, que Bolsonaro não demite Mandetta porque não tem condições políticas, não tem coragem de arcar com as consequências. Isso é sinal de fraqueza.

Essa é a conclusão mais indulgente a que se pode chegar sobre Bolsonaro nesta crise. É o adjetivo mais elogioso que se pode usar para ele: o presidente, no mínimo, é fraco.

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Semana Santa pode espalhar Covid-19 pelo Ceará

O Ceará é um dos estados em situação mais crítica pela Covid-19, mas a situação não é uniforme. Há uma grande concentração na Capital. Até agora, 88% dos casos estão em Fortaleza. No ranking, na sequência, aparecem municípios vizinhos: Aquiraz, Maracanaú e Caucaia. Há casos confirmados em 47 municípios. Quer dizer: em 137 ainda não há confirmação de que a Covid-19 chegou. E oito municípios, não há nem casos suspeitos.

O feriadão da Semana Santa, porém, é um perigo. Como já foram festas, casamento, jogo de futebol em outros estados e países, o feriadão pode ser ftor para espalhar a pandemia no Estado. Isso se pessoas que estão na Capital insistirem em ir para o Interior. Podem se tornar fatores de propagação da pandemia.

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