Bolsonaro diz que decisão foi de comum acordo e tenta tirar de si peso de demitir Mandetta
Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
O presidente Jair Bolsonaro criou uma versão sobre a saída de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde. "Foi um divorcio consensual." Reforçou que foi de comum acordo que se chegou à decisão que o levou a exonerar o agora ex-ministro.
Mandetta contou de jeito diferente. “Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde.”
O presidente vende a ideia de decisão consensual para tentar tirar de si o peso de uma decisão impopular, polêmica e que vem em péssima hora. Não haveria pior hora para entrar o novo ministro, coitado. O coronavírus chegou ao Brasil em 26 de fevereiro. Ontem fez 50 dias. Bolsonaro discordava dele há muito tempo. Se queria dar outro rumo, deveria ter trocado antes. Se Mandetta conduziu de jeito errado, muito do estrago está posto.
Bolsonaro gostaria que Mandetta tivesse pedido demissão.para reduzir a responsabilidade que tem. Mas, ser presidente é assumir responsabilidades e arcar com o ônus. Não tem como transferir. Ser presidente não permite posturas de deputado de oposição de baixo clero. Não comporta bravatas. Comandar uma nação carrega de peso os atos e as palavras. Eles ficam na história e são cobrados.
"Pior que uma decisão mal tomada é a indecisão", disse o presidente. "Jamais pecarei por omissão”, afirmou Bolsonaro após semanas de indecisão. Após sistematicamente se omitir, enquanto ele dizia uma coisa e seu governo fazia outra. Como se sua palavra valesse tanto quanto o tuíte descompromissado de qualquer comentarista de rede social um dos chamados haters.
Ele toma a decisão quando, segundo seus seguidores e muitos aliados, o pico da pandemia já teria passado. A ser verdade essa visão - que é desmontada por qualquer gráfico da pandemia, mas que é sustentada por gente como o deputado Osmar Terra (MDB) - Bolsonaro teria se omitido e permanecido indeciso até o pior da pandemia passar. Infelizmente, as projeções sérias não são tão otimistas.
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