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Se seguir ministro, Fortaleza não reabre tão cedo
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Se seguir ministro, Fortaleza não reabre tão cedo

Tipo Opinião
Movimentação do comércio durante a pandemia (Foto: Aurélio Alves/O POVO)
Foto: Aurélio Alves/O POVO Movimentação do comércio durante a pandemia

O ministro da Saúde, Nelson Teich, informou ontem que divulgará na próxima semana diretrizes para orientar estados e municípios quanto à saída do isolamento social. Conforme O POVO antecipou ontem, o Governo do Ceará criou comissão para debater como será a retomada das atividades econômicas no Ceará. Em São Paulo, o governador João Doria (PSDB) anunciou início gradual da reabertura a partir de 10 de maio. Na Câmara Municipal de Fortaleza, a Prefeitura recuou e retirou de pauta a proposta de punições mais duras para quem descumprisse o isolamento social.

A discussão sobre parâmetros para reabrir não é ruim. Ela é boa e necessária. Não tem problema fazer agora. O que não significa abrir agora. Empresários cobram do governo cearense algum direcionamento. Cenários, do mais otimista ao mais pessimista. Pode-se estudar isso, sim. Sinalizar que haverá reabertura de determinados setores quando os indicadores se estabilizarem, por exemplo. Quando a taxa de crescimento desacelerar de forma constante por determinado período. Isso pode ser decidido. Qual o comportamento dos indicadores se espera, por quanto tempo, para flexibilizar a abertura.

 

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Mais que isso, como será feito quando a reabertura recomeçar, seja quando for. Quais setores vão voltar a funcionar primeiro, sob quais regras. Como será o monitoramento disso. Tudo isso precisa ser mesmo construído bem antes de reabrir. As medidas de segurança não se restringem ao isolamento. Elas podem ser adotadas com a reabertura.

O ministro defendeu ontem que haja critérios de acordo com cada lugar. Ele tem razão. Em sete municípios do Ceará não há nenhum caso, nem mesmo suspeito. Não precisa tratar General Sampaio, por exemplo, igual a Fortaleza, onde há mais de 3 mil casos confirmados, 189 mortes e mais de 10 mil casos suspeitos. O mais importante em um município como General Sampaio ou Jati talvez não seja fechar o comércio ou os serviços. Talvez o principal seja colocar barreiras no município para quem pessoas de fora não levam o vírus. Às vezes, municípios nessa situação fecham estabelecimentos e não criam barreiras.

Do mesmo jeito, não faz sentido tratar igualmente Tocantins, que tem 37 casos e uma morte, e São Paulo, que tem 15 mil casos e mais de mil mortos. É necessário, sim, entender as diferentes realidades.

O ministro disse que, nas diretrizes para decidir o que abre e o que não abre, será necessário considerar qual a abrangência da doença em cada lugar, a estrutura da rede de saúde local para suportar a demanda por atendimento. Está correto.

E, por esse critério, Fortaleza não retoma as atividades tão cedo. Olha, mas vai demorar muito. A rede de atendimento está estrangulada. O número de casos está entre os mais alarmantes do País - isso dito pelas autoridades federais. O crescimento segue acelerado. O número de novos casos e novos óbitos segue batendo recordes.

Essa é a realidade de Fortaleza. Em nenhum outro município a situação é tão grave, nem proporcionalmente. Mas, na Região Metropolitana - Caucaia, Maracanaú e Aquiraz, sobretudo, o quadro também é sério. No Interior, há situações específicas.

É preciso e necessário, sim, construir um plano de retomada. A economia não é algo menor nessa crise. Há de se estabelecer os critérios para, quando for possível voltar, saber como será feito. E se curvar à realidade dos números. Retomar onde for possível. E entender que, na capital cearense, por qualquer análise séria do quadro nacional, a reabertura do comércio e dos serviços deverá ser das últimas no Brasil.

Mudança política antes da saúde

Há uma virada de ventos políticos em relação à pandemia. As ações começam a se direcionar no sentido da abertura. Em São Paulo e no Distrito Federal também, há encaminhamentos concretos no sentido da flexibilização do isolamento. É uma guinada política antes de haver alteração do ponto de vista da saúde. Os indicadores da Covid-19 não justificam mudar o comportamento agora. Ao contrário.

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