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Perspectivas do Ceará
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Perspectivas do Ceará

Tipo Análise

O governador Camilo Santana (PT) e o prefeito Roberto Cláudio (PDT) definem entre hoje e amanhã como prosseguirá o combate à Covid-19. O decreto de isolamento social se encerra nesta semana. Os números não justificam ainda haver abertura. Pelo menos não sem colocar algo no lugar. Há pressão por alguma flexibilização. É possível, mas não se justifica nos números.

As medidas de 8 de maio ainda não se refletem em resultados. Sim, os efeitos demoram algumas semanas a aparecer. Até a próxima semana, será possível ver o impacto do isolamento aprofundado. Seria um equívoco abrir quando os resultados apenas começam a aparecer. Que dirá antes de surgirem.

O máximo que deve haver de relaxamento nesta semana seria o retorno a algo próximo do que havia antes do isolamento rígido. Não resolvia nada para a economia. A perspectiva mais otimista é que o número de casos e mortes comece a cair. Além do mais importante - as vidas - é por isso que devem torcer os que querem também a retomada da economia. Essa redução, caso se sustente até o fim do mês será o caminho para o relaxamento gradual em junho. Esse é o horizonte mais promissor e seguro.

O índice de isolamento ainda está aquém do que seria necessário. Esse é um dificultador. Claro, quanto mais prolongado o período, mais custoso é manter as pessoas em casa. A fiscalização é difícil. É possível que haja mais medidas para garantir que o isolamento nos termos já decretados seja obedecido.

Vários empresários já entendem que o caminho para reabrir os negócios passa por controlar a pandemia, ter uma estratégia organizada de retomada, haver cooperação, ações coordenadas e se buscar estabilidade. Curiosamente, o mais factível parece ser o primeiro. Alguns parecem uma distante ilusão.

A Europa começa a flexibilizar o isolamento. Faz isso aos poucos, com cuidado. Os países que mais avançam são aqueles que adotaram restrições logo no começo e de forma decidida, casos de Portugal, Alemanha e Grécia. Há aqueles que tiveram terríveis consequências até decidirem partir para mais restrições, como França e Itália. Na Ásia, a Coreia do Sul conseguiu controlar a pandemia com isolamento brando.

Nenhum lugar no mundo, nenhum, adotou medidas mais flexíveis enquanto o número de casos crescia. Nenhum passou a ser menos restritivo enquanto a situação se agravava. Não existe a opção de simplesmente reabrir a economia e tocar a vida fingindo que não existe pandemia. Não vai acontecer de se chegar à conclusão de que o isolamento deu errado e então deixar para lá. Para retomar a economia, é imprescindível reduzir os casos e as mortes.

Nos países que tiveram sucesso, a disciplina da população foi um ingrediente crucial. O governo não é capaz de controlar os fluxos sozinho. Mais difícil ainda quando municípios, estados e Governo Federal não se entendem.

 

A PF e a família Bolsonaro

As meras declarações de que o senador Flávio Bolsonaro recebeu informações indevidas da Polícia Federal sobre investigação em que pode estar implicado não são prova contra ele. Mas, são novas suspeitas, que já se avolumam sobre as relações da família com a instituição. Vem de antes da eleição de Jair Bolsonaro. As afirmações partem do empresário Paulo Marinho, alguém que foi muito próximo do presidente.

As palavras do empresário não são prova por si só, mas não podem ser deixadas para lá sem investigação. Elas são, no mínimo, um constrangimento ao presidente e sua família no momento em que essas relações são alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), já pela ação no governo. E aí com elementos concretos em atos e palavras do presidente.

E as afirmações são também comprometedoras para a Polícia Federal. O relato é de cálculo político na ocasião das investigações e de vazamento para blindar político.

Se um crime é cometido pela Polícia Federal, quem investiga?

 

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