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E daí?
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

E daí?

Tipo Análise
Convenções estão previstas para daqui a dois meses. Se ocorrerem, não serão como em 2016 (Foto: REPRODUÇÃO/VÍDEO)
Foto: REPRODUÇÃO/VÍDEO Convenções estão previstas para daqui a dois meses. Se ocorrerem, não serão como em 2016

Mil e cem mortes computadas em 24 horas. Não é só um número. É uma medida sem rosto de uma tragédia de rostos conhecidos. Você provavelmente conhece alguém que teve a doença. Talvez conheça alguém que morreu. Ou alguém que perdeu uma pessoa próxima. Não são apenas velhinhos, não eram pessoas na iminência de morrer. E, nos muitos casos em que as vítimas são idosas, a dor não é menor. Havia sonhos, esperanças e vida.

É um momento triste de nossa história. É particularmente lamentável que o País atravesse tal período em meio a uma disputa política desqualificada. Da autoridade máxima da República veio a frase-título da coluna. Soava como deboche desde que proferida. Com o avançar da pandemia se evidencia a violência que contém. Porque as palavras refletem os atos.

Não é que todo mundo precise pensar do mesmo jeito. A diferença de visões é parte da política. A questão é como lidar com a divergência. Essa é uma questão crucial no Brasil. E como administrar o conflito no momento de uma crise que exige cooperação. Falta ao presidente maturidade para divergir, equilíbrio emocional para lidar com opiniões contrastantes.

As pessoas estão morrendo e outras estão brigando num debate que não faz sentido. Precisamos salvar vidas. Tantas quantas for possível. Não existe opção ou dilema. Essa é a única escolha ética possível como civilização.

 

Candidatos começam a ser oficializados daqui a dois meses. Você acredita?

Ganha corpo no Congresso Nacional o adiamento das eleições municipais. A ideia é evitar a prorrogação dos mandatos. Será criado grupo de trabalho composto por deputados federais e senadores para definir o assunto. Conforme informou o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), há quase unanimidade entre os líderes quanto ao adiamento sem prorrogação. Ou seja, até dezembro precisará haver eleição.

Pelo calendário normal, daqui a dois meses começaria o prazo para realização das convenções partidárias. O momento de formalizar as candidaturas. Iria de 20 de julho a 5 de agosto.

No calendário convencional, em 16 de agosto começaria a campanha eleitoral. O primeiro turno ocorreria em 4 de outubro. Segundo turno, em 25 de outubro.

Não deverão haver convenções tradicionais. Não haverá multidão de bandeiras, ônibus trazendo militantes. A campanha não será nos mesmos moldes. Daqui a três meses, não será possível haver o corpo a corpo de sempre. Não haverá comícios.

Na eleição para prefeito, vá lá. A campanha eletrônica e digital tem seu peso. Mas, e para vereador? E no Interior? Onde não tem TV. Onde em muitos lugares o acesso à Internet é precário.

A votação também não será do mesmo jeito. Discute-se fazer eleição em mais de um dia, para evitar aglomerações. O fato é que será um período eleitoral muito diferente.

O adiamento se encaminha, mas não há muita margem. Sem prorrogação de mandatos, os prazos serão postergados por dois meses, no limite extremo. Isso sem haver nem tempo para transição alguma.

As eleições municipais são a alma da política real. Costumam ter mais adesão que eleições para governador, presidente. Os prefeitos estão mais próximos da população. Os vereadores mais ainda. Eleição federal é algo distante. Na campanha municipal em cidade pequena - a maioria das que existem no Brasil - os candidatos são conhecidos da família. As disputas são tomadas como pelejas pessoais e ancestrais.

O pleito deste ano não poderá ser do modo convencional. A própria vida não tem como prosseguir do jeito de sempre. No caso das eleições, os próprios fundamentos da política serão alterados.

 

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