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Senador vai à Justiça para cloroquina ser usada cedo no Ceará e deputado vai para não ser usada
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Senador vai à Justiça para cloroquina ser usada cedo no Ceará e deputado vai para não ser usada

Ministério da Saúde mantém indicação de uso. Secretaria da Saúde do Ceará retirou recomendação após publicação em revista científica apontar aumento de risco e ausência de benefício na cloroquina e na hidroxicloroquina
Tipo Notícia
Senador Luis Eduardo Girão (Podemos-CE) (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado Senador Luis Eduardo Girão (Podemos-CE)

O uso e o não uso da cloroquina e da hidroxicloroquina movimenta parlamentares cearenses no Congresso Nacional. Na segunda-feira, o Podemos Ceará, a partir de provocação do senador Luis Eduardo Girão, entrou com mandado de segurança coletivo para que a população atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado tenha acesso a esses medicamentos desde os estágios iniciais. Já o deputado federal José Guimarães (PT), líder da Minoria na Câmara dos Deputados, entrou com representação no Ministério Público Federal (MPF) para suspender o uso da cloroquina no SUS.

Girão ressalta que o Estado recebeu 302 comprimidos do Governo Federal - o Estado do Nordeste para o qual maior quantidade foi destinada. O senador diz que ratificou o entendimento em contato com o infectologista Anastacio Queiroz, o presidente da Unimed Fortaleza, Elias Leite, e o presidente do Sindicato dos Médicos, Edmar Fernandes.

Já Guimarães pede investigação de possíveis atos de improbidade na liberação do medicamento. Também solicita apuração dos custos de produção e distribuição. Guimarães aponta indícios de ilegalidades por parte do ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello. Uma das ilegalidades seria justamente a liberação da cloroquina para pacientes com sintomas leves de Covid-19, prevista na Nota Informativa nº 9/2020, da semana passada. O que Guimarães aponta como ilegal é justo o que Girão solicita que seja feito no Ceará.

De acordo com Guimarães, a lei 6.360/1976 exige que medicamentos tenham registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com comprovação do uso a que se propõe.

Pesquisa

Estudo com 96 mil pacientes publicado na revista The Lancet, na última sexta-feira, 22, apontou não haver melhora na recuperação dos pacientes de Covid-19 e ainda mostrou que a aplicação contribui para o risco maior de morte e arritmia cardíaca. A pesquisa foi feita em 71 hospitais de seis continentes. Cientistas avaliaram 1.868 pessoas tratadas apenas com cloroquina, 3.016 que receberam somente hidroxicloroquina, 3.783 que receberam a combinação de cloroquina e macrólidos (um tipo de antibiótico), e mais 6.221 pacientes que tomaram hidroxicloroquina e macrólidos. Para chegar aos resultados, os pesquisadores cruzaram informações destes quatro grupos com 81.144 pacientes que não fizeram uso dos medicamentos.

A pesquisa concluiu que a taxa de morte dos pacientes que não usaram medicamentos foi de 9,3%. Entre os que usaram cloroquina ou hidroxicloroquina as taxas de mortes foram, respectivamente, de 16,4% e 18%. Entre os que morreram hidroxicloroquina com macrólidos, morreram 22,2%. No uso de cloroquina com macrólidos, a taxa foi de 23,8%.

Na segunda-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) suspendeu temporariamente os ensaios clínicos com hidroxicloroquina que realiza com parceiros em vários países, como precaução.

O Ministério da Saúde do Brasil mantém a indicação de uso da substância. A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, disse que o estudo publicado na Lancet não tem uma metodologia "aceitável para servir de referência"

Secretaria da Saúde do Ceará retirou a recomendação de uso da cloroquina após o estudo.

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