Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
As rodas decisórias da política já dão como fato que não haverá eleições em 4 de outubro. Porém, prazos correm enquanto não se confirma o adiamento - até por não se projetar ainda a data mais próxima possível. Daqui a uma semana, em 4 de junho, termina o prazo para desincompatibilização de secretários estaduais e municipais que desejam concorrer a prefeito ou vice-prefeito. É também o prazo final para o bloco Ferreira Gomes em Fortaleza dar a sinalização de qual nome será escolhido para tentar dar continuidade ao ciclo político de Roberto Cláudio (PDT).
Como a decisão sobre adiar eleição não sairá até semana que vem, quem quiser concorrer vai sair logo. Não irá arriscar. Com isso, devem haver mudanças significativas no Governo do Estado e na Prefeitura de Fortaleza. Não há confirmações oficiais, mas os aliados dão como certo que o secretário de Governo de Roberto Cláudio, Samuel Dias (PDT), irá deixar a função. Também deverá sair Élcio Batista (PSB), secretário-chefe da Casa Civil de Camilo Santana (PT). São os dois gerentes dos governos.
O que se cogita é uma chapa com Samuel candidato a prefeito e Élcio candidato a vice. Nos planos originais de Roberto Cláudio, a definição da candidatura, inclusive pública, já teria ocorrido a essa altura. Inclusive por se tratarem de dois nomes pouco conhecidos do grande eleitorado. Dois potenciais estreantes nas urnas. Precisam se projetar. Todavia, 2020 não respeita planos. Não houve clima para anunciar candidatura. Não há ambiente para iniciar pré-campanha. Em pouco mais de um mês e meio, começa o prazo das convenções. Também não há atmosfera para isso, para festa de lançamento de candidatura, mesmo virtual. Mas, são os prazos legais por ora mantidos.
Daqui a uma semana, a sucessão em Fortaleza ganha desenho nítido. Se Samuel e Élcio ficarem nos governos, será uma enorme surpresa para gente próxima. Não é a rota traçada. Nessa hipótese, fica praticamente uma única opção de candidato governista entre as opções seriamente cogitadas: o presidente da Assembleia Legislativa, José Sarto (PDT), o que não parece um cenário hoje factível. A não ser que surja uma opção heterodoxa. Não parece ser o contexto para isso.
Clima para campanha
Não há clima para pré-campanha e há dúvidas sobre em qual astral os candidatos pedirão voto. Faltam menos de três meses para a campanha estar a pleno vapor, inclusive com TV. Um problema é o corpo a corpo, sobretudo nos interiores, nas campanhas de vereador. Mas também o próprio espírito para candidatos pedirem voto. Isso favorece, em tese, quem larga na frente. O cenário não é o ideal para novidades, mas é a situação em que chegam os governistas. A conjuntura tende a ajudar Capitão Wagner (Pros), opositor que começa na dianteira. Não quer dizer que ele já ganhou - eleição nenhuma se vence de véspera. Mas, representa vantagem inicial.
Sem certeza
A desincompatibilização citada acima, se acontecer, é indicativo importante, mas não dá 100% de certeza da candidatura. Vale lembrar 2012. Cid Gomes era governador e exonerou os petistas de seu governo, indicando à então prefeita Luizianne Lins que apoiaria um deles se ela escolhesse. Para não deixar ponto sem nó, chamou o então deputado Antonio Carlos, que era líder do governo Cid e aliado de Luizianne, para ser secretário. Para ele ficar inelegível e não restar margem para a prefeita optar por ele. Luizianne não topou nenhum, escolheu seu ex-secretário Elmano de Freitas. PT e Ferreira Gomes romperam em Fortaleza e Roberto Cláudio foi eleito.
Estranhezas e acusações
Após adversários do governo Jair Bolsonaro serem alvos da Polícia Federal, ontem foram apoiadores do presidente. Determinação partiu do Supremo Tribunal Federal (STF). Como Roberto Cláudio e Wilson Witzel antes, a família Bolsonaro se insurgiu e denunciou abusos, mirando o STF. Há estranhezas nas operações, e também gravidade nas denúncias nos três casos.
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