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Haverá entendimento para economia reabrir o quanto antes?
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Haverá entendimento para economia reabrir o quanto antes?

Tipo Opinião
Carreatas foram realizadas para pressionar por reabertura. Para que atividades econômicas retornem, quem cobrava precisará cooperar (Foto: Reprodução/SSPDS)
Foto: Reprodução/SSPDS Carreatas foram realizadas para pressionar por reabertura. Para que atividades econômicas retornem, quem cobrava precisará cooperar

Ceará inicia a reabertura da economia na segunda-feira, com previsão de ocorrer gradualmente durante pelo menos 50 dias. Não será menos, mas poderá ser mais. Assim como se deu com a pandemia, a reabertura será determinada pelo comportamento das pessoas. A vida não começa a voltar ao normal na segunda-feira. Longe disso. Talvez as coisas fiquem ainda mais diferentes. Haja mais estranhamento. Porque irá exigir muito mais cuidados e adaptações para quem estará exposto fora de casa. Será um teste para a educação e a autodisciplina da população. Se não houver respeito, cuidados, a reabertura demorará mais de 50 dias. Talvez muito mais. Pode ser que o que começar a reabrir agora volte a fechar. Pode-se voltar à estaca zero.

Se isso ocorrer, será em função de algo ainda pior: aumento do número de casos da doença. Mais mortes. Obviamente, ninguém quer prolongar o prejuízo econômico, muito menos mais mais gente doente. Será que seremos capazes, como sociedade, de seguir parâmetros mínimos para garantir que a reabertura seja bem-sucedida? Para que não haja mais mortes e mais prejuízo?

O Ceará é palco da mesma secessão que ocorre em todo o Brasil. Houve protestos, gente furando a quarentena, por ideologia ou necessidade. De todos que querem e precisam da reabertura, espera-se, afinal, cooperação para que ela ocorra mesmo.

Dos setores que iniciam a retomada já, que redobrem a cautela. Protejam-se e protejam funcionários, colegas clientes. Por cada um de nós, cada vida, em primeiro e absoluto lugar. Se não parecer motivo o bastante, faça-se isso para que o que abrir não volte a fechar. Para que o cronograma previsto se cumpra.

Para os setores que vão reabrir nas semanas seguintes, que se planeje a volta com cuidado. Não se tente driblar calendário e abrir antes. Não se desrespeite isolamento. Porque isso vai garantir - além de evitar propagar a doença, que é o mais importante - que o cronograma seja seguido e a atividade volte logo.

Os cearenses têm vivido desafios inéditos há várias gerações. Primeiro, a experiência de isolamento. Agora vêm outras novidades: a necessidade de disciplina e cuidados pessoais. Não costuma ser propriamente a maior qualidade de nossa sociedade. Esse tipo de educação, de rigor. O cearense é afetuoso, caloroso. Gosta de abraçar, de falar pegando nos outros. Isso agora é risco de vida. É um desafio diferente. Não é como a prevenção ao Aedes aegypti, que pressupõe eliminar água parada. Dessa vez é a postura a cada momento.

As bases da decisão

Acompanho os números da pandemia dia a dia e não percebo indicadores que justifiquem já a reabertura. A Secretaria da Saúde, claro, tem mais números. Os dados de número de casos confirmados por dia de início dos sintomas aponta que o pior da epidemia no Ceará foi entre fim de abril e começo de maio. Porém, ainda não me parece haver queda sustentada por tempo o bastante para justificar a retomada. Sobretudo, creio que a subnotificação ainda é grande demais. Faltam testes para retomar a economia com segurança. Conheço monte de gente que pegou a doença, ou acha que pegou. Teve os sintomas, tentou fazer exame. Alguns conseguiram, mas só tiveram resultado quando já haviam passado pelo tratamento, já tinham tido alta hospitalar, encerrado o período de isolamento para pacientes. Outros nem conseguiram fazer de jeito nenhum.

Sabe o que isso significa, você que eventualmente esteja me xingando porque eu digo que estamos voltando cedo? Isso pode significar que as atividades talvez reabram e tenham de fechar de novo. Minha sensação é que a reabertura neste momento, no Ceará e em outros lugares, dá-se pela exaustão. Porque suportou-se até certo limite, mas a pressão está demais. Inclusive pelos embates políticos e institucionais.

Porém, o plano está posto e não julgo que caiba agora esse tipo de embate. O momento agora é de fazer com que a reabertura seja o mais segura possível. Para quem pressionou pela retomada, é importante ser mais que todos um agente para que o plano dê certo.

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