Jornalista, divulgador científico e professor da Universidade Federal de Rondonópolis. É doutor em ecologia pela Universidade Autônoma de Madrid, Espanha
Jornalista, divulgador científico e professor da Universidade Federal de Rondonópolis. É doutor em ecologia pela Universidade Autônoma de Madrid, Espanha
O progressivo envelhecimento dos brasileiros evidencia uma série de demandas que precisam ser satisfeitas. A mais importante delas está relacionada à saúde deste estrato da população. Ademais, com frequência, o declínio do vigor físico vem acompanhado de um deterioro nas relações sociais do idoso. A jardinagem pode ser desenvolvida para melhorias na saúde e na socialização de idosos, pelo qual esta atividade deveria ser incorporada em políticas públicas de saúde e habitação.
O sistema público de saúde do Reino Unido oferece sessões de jardinagem a grupos de idosos. A cada sessão, o grupo visita a residência de um dos idosos, e realiza cultivos. O objetivo é reforçar as interações sociais e diminuir o isolamento. Pesquisadores da Universidade da Louisiana comprovaram um aumento da densidade óssea em idosas que praticam jardinagem, e recomendam esta prática para a prevenção da osteoporose. Há também os benefícios psicológicos, como a mitigação de quadros depressivos. A manutenção da flora dos quintais demanda a realização de tarefas que requerem habilidades cognitivas, como o controle de variáveis ambientais.
Cientistas têm demonstrado uma significativa correlação entre o estar na natureza e o aumento de dimensões específicas do bem-estar psicológico, como o bom humor, em todas as faixas etárias. Políticas direcionadas ao estímulo da prática de jardinagem possuem ainda a vantagem da conservação da biodiversidade.
Os padrões degradantes da urbanização brasileira têm gerado cidades onde espaços verdes públicos, como os parques e praças, e privados, como os quintais, são cada vez mais escassos. Há um fenômeno de injustiça ambiental em curso nas nossas cidades. Usualmente nossas áreas verdes urbanas não são equanimemente distribuídas. Ao contrário, os moradores de renda mais elevada habitam bairros onde a vegetação é mais abundante. Não se trata de uma questão meramente estética. Há uma farta literatura científica demonstrando uma forte correlação entre o acesso às áreas verdes e uma maior qualidade de vida. Por exemplo, em bairros adequadamente arborizados, é menor a incidência de doenças respiratórias, como a asma, entre os seus moradores. A importância social e ambiental da flora urbana demanda estudos que nos permitam desenvolver políticas adequadas para o incremento e democratização do número de árvores e de manchas de vegetação nas cidades do Brasil. n
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