
Jornalista, divulgador científico e professor da Universidade Federal de Rondonópolis. É doutor em ecologia pela Universidade Autônoma de Madrid, Espanha
Jornalista, divulgador científico e professor da Universidade Federal de Rondonópolis. É doutor em ecologia pela Universidade Autônoma de Madrid, Espanha
No Planeta, há dois milhões de espécies ameaçadas de extinção. Para conservar a biodiversidade de forma eficaz, precisamos ser capazes de monitorar as populações de espécies de forma precisa e abrangente em todos os ecossistemas, desde áreas urbanas até áreas selvagens inacessíveis, para mitigar os fatores que causam a perda de espécies.
Sistemas robóticos e autônomos são tecnologias que podem detectar, analisar, interagir e manipular seu ambiente físico. Esses sistemas oferecem soluções tecnológicas que podem incrementar substancialmente o monitoramento da biodiversidade terrestre. Por exemplo, drones podem coletar amostras de plantas em penhascos e robôs podem monitorar animais que vivem em tocas. Entretanto esse potencial ainda não foi avaliado sistematicamente.
Cientistas de diversos países, inclusive este colunista, liderados por Stephen Pringle e Zoe G. Davies, da Universidade de Kent, na Inglaterra, publicaram, na revista Nature Ecology & Evolution o artigo Opportunities and challenges for monitoring terrestrial biodiversity in the robotics age ou em português, Oportunidades e desafios para o monitoramento da biodiversidade terrestre na era da robótica.
Nós sintetizamos o conhecimento de 98 especialistas em biodiversidade e 31 especialistas em sistemas robóticos e autônomos, e identificamos as principais barreiras que dificultam o monitoramento da biodiversidade. Ademais, exploramos as oportunidades e os desafios que os sistemas robóticos e autônomos oferecem para superá-los, em escala global. A experiência coletiva dos especialistas consultados abrangeu 109 países. As barreiras se enquadraram em quatro categorias: (1) acesso ao local, (2) detecção de espécies e indivíduos, (3) manuseio e processamento de dados e (4) disponibilidade de energia e internet.
No que diz respeito ao acesso aos locais de biomonitoramento de espécies de animais e plantas, os especialistas foram consensuais sobre o potencial dos sistemas robóticos e autônomos para levantamentos em grandes escalas espaciais. Os locais de monitoramento podem ser de difícil acesso por diversos motivos, incluindo questões políticas e de segurança ou incertezas quanto à propriedade. Certos tipos de sistemas robóticos e autônomos, por exemplo, drones, podem ser percebidos como aparatos de vigilância.
Ilustrando esse ponto, um especialista relatou que os seus esforços para monitorar a biodiversidade "foram recebidos com forte resistência local, com seus drones sendo rotineiramente alvos de armas de fogo". É essencial, portanto, engajar as comunidades nas pesquisas e integrar os dados coletados pelos sistemas robóticos e autônomos com o conhecimento local do meio ambiente.
PS. Veja o artigo aqui: https://www.nature.com/articles/s41559-025-02704-9
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