Jornalista, divulgador científico e professor da Universidade Federal de Rondonópolis. É doutor em ecologia pela Universidade Autônoma de Madrid, Espanha
Jornalista, divulgador científico e professor da Universidade Federal de Rondonópolis. É doutor em ecologia pela Universidade Autônoma de Madrid, Espanha
Jane Goodall faleceu em outubro, aos 91 anos, e eu escrevo para homenageá-la e para atender seu último pedido: que sigamos lutando pela natureza. Na sua obra “O Livro da Esperança”, Doutora Jane Goodall, uma gigante da ciência e mundialmente celebrada pelos seus êxitos na conservação da fauna e flora, nos ensina que os esforços de conservação ambiental só serão bem-sucedidos se as comunidades locais se beneficiarem de alguma maneira, e se envolverem com eles. Bem-estar humano e conservação da natureza são objetivos convergentes e sinérgicos: sem a biodiversidade não há base ecológica para a qualidade de vida humana.
Seu “Livro da Esperança” foi redigido como um instrumento de divulgação de uma mensagem poderosa, que ela acreditava ser a sua missão mais importante: dizer ao mundo que, apesar de vivermos tempos sombrios, de mudanças climáticas e devastação da biodiversidade, é preciso fazer florescer o otimismo e a esperança. Mas a esperança, na definição de Jane, não é meramente torcer para que tudo fique bem, mas promover, ativamente, as condições para que paisagens cinzentas se transformem em um mundo melhor.
Jane fundou um Instituto para promover a conservação ambiental e melhorar a vida de comunidades de dezenas de países. Eu sempre pensei nela como a grande cientista. Como a ativista incansável, cujas ações foram decisivas para a criação de unidades de conservação. Jane, como a cientista de muitas honrarias, incluindo a Medalha da UNESCO e o Prêmio Gandhi/King para a Não Violência. Eu pensava em Jane como uma das artífices de uma iniciativa global para o plantio de 1 trilhão de árvores.
Mas Jane Goodall também acreditava e trabalhava em pequenas iniciativas. Ela ministrava conferências para executivos de poderosas companhias multinacionais, mas também falava para pequenas audiências, em rincões empobrecidos e esquecidos, promovendo plantios de árvores em escolas e hortas comunitárias. Seu recado é que o efeito cumulativo de milhões de atitudes éticas faz a diferença. Não importa a magnitude de um projeto, o importante é estar envolvido, e promover a conservação.
Na última entrevista que concedeu antes de seu falecimento, disponível na Netflix, Jane define assim o seu legado: "fui alguém enviada a este mundo para tentar dar esperança às pessoas em tempos sombrios, porque, sem esperança, caímos na apatia e não fazemos nada. Sem esperança, estamos condenados. Como podemos trazer crianças a este mundo tenebroso que criamos, e deixá-las cercadas de pessoas que desistiram? Nós precisamos agir, agora." Conte conosco, Jane! Seguiremos plantando árvores e sonhos, sem esmorecer – e sem perdermos a esperança, exatamente como você nos ensinou.
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