Logo O POVO+
O legado imortal de Jane Goodall
Comentar
Foto de Fabio Angeoletto
clique para exibir bio do colunista

Jornalista, divulgador científico e professor da Universidade Federal de Rondonópolis. É doutor em ecologia pela Universidade Autônoma de Madrid, Espanha

Fabio Angeoletto meio ambiente

O legado imortal de Jane Goodall

"Fui alguém enviada a este mundo para tentar dar esperança às pessoas em tempos sombrios, porque, sem esperança, caímos na apatia e não fazemos nada. Sem esperança, estamos condenados. Como podemos trazer crianças a este mundo tenebroso que criamos, e deixá-las cercadas de pessoas que desistiram? Nós precisamos agir, agora"
Tipo Opinião
Comentar
Jane Goodall discursa no palco do Bloomberg Philanthropies Global Forum 2025 no The Plaza Hotel em 24 de setembro de 2025 na cidade de Nova York.
 (Foto: Bryan Bedder / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP)
Foto: Bryan Bedder / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP Jane Goodall discursa no palco do Bloomberg Philanthropies Global Forum 2025 no The Plaza Hotel em 24 de setembro de 2025 na cidade de Nova York.

Jane Goodall faleceu em outubro, aos 91 anos, e eu escrevo para homenageá-la e para atender seu último pedido: que sigamos lutando pela natureza. Na sua obra “O Livro da Esperança”, Doutora Jane Goodall, uma gigante da ciência e mundialmente celebrada pelos seus êxitos na conservação da fauna e flora, nos ensina que os esforços de conservação ambiental só serão bem-sucedidos se as comunidades locais se beneficiarem de alguma maneira, e se envolverem com eles. Bem-estar humano e conservação da natureza são objetivos convergentes e sinérgicos: sem a biodiversidade não há base ecológica para a qualidade de vida humana.

Seu “Livro da Esperança” foi redigido como um instrumento de divulgação de uma mensagem poderosa, que ela acreditava ser a sua missão mais importante: dizer ao mundo que, apesar de vivermos tempos sombrios, de mudanças climáticas e devastação da biodiversidade, é preciso fazer florescer o otimismo e a esperança. Mas a esperança, na definição de Jane, não é meramente torcer para que tudo fique bem, mas promover, ativamente, as condições para que paisagens cinzentas se transformem em um mundo melhor.

Jane fundou um Instituto para promover a conservação ambiental e melhorar a vida de comunidades de dezenas de países. Eu sempre pensei nela como a grande cientista. Como a ativista incansável, cujas ações foram decisivas para a criação de unidades de conservação. Jane, como a cientista de muitas honrarias, incluindo a Medalha da UNESCO e o Prêmio Gandhi/King para a Não Violência. Eu pensava em Jane como uma das artífices de uma iniciativa global para o plantio de 1 trilhão de árvores.

Mas Jane Goodall também acreditava e trabalhava em pequenas iniciativas. Ela ministrava conferências para executivos de poderosas companhias multinacionais, mas também falava para pequenas audiências, em rincões empobrecidos e esquecidos, promovendo plantios de árvores em escolas e hortas comunitárias. Seu recado é que o efeito cumulativo de milhões de atitudes éticas faz a diferença. Não importa a magnitude de um projeto, o importante é estar envolvido, e promover a conservação.

Na última entrevista que concedeu antes de seu falecimento, disponível na Netflix, Jane define assim o seu legado: "fui alguém enviada a este mundo para tentar dar esperança às pessoas em tempos sombrios, porque, sem esperança, caímos na apatia e não fazemos nada. Sem esperança, estamos condenados. Como podemos trazer crianças a este mundo tenebroso que criamos, e deixá-las cercadas de pessoas que desistiram? Nós precisamos agir, agora." Conte conosco, Jane! Seguiremos plantando árvores e sonhos, sem esmorecer – e sem perdermos a esperança, exatamente como você nos ensinou.

Foto do Fabio Angeoletto

Análises e fatos sobre as pautas ambientais. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?