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Boicote a Israel: um dever ético contra o Apartheid e o Genocídio
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Professor da Universidade Regional do Cariri (Urca) e advogado. Membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia

Boicote a Israel: um dever ético contra o Apartheid e o Genocídio

.Confrontar Israel com o boicote, os desinvestimentos e sanções internacionais é um dever ético. É um imperativo humanitário semelhante àquele que mobilizou a comunidade internacional contra a África do Sul e ajudou a derrubar o regime do apartheid nos anos 1990
Tipo Opinião
CRIANÇAS vasculham destroços ​​após ataque israelense que atingiu a casa de uma família palestina em Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, em 23 de maio de 2025 (Foto: Bashar TALEB / AFP)
Foto: Bashar TALEB / AFP CRIANÇAS vasculham destroços ​​após ataque israelense que atingiu a casa de uma família palestina em Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, em 23 de maio de 2025

A criação do Estado de Israel é o erro mais brutal das Nações Unidas em toda a sua história. É o caso mais absurdo de violação sistemática do direito internacional humanitário (direito dos conflitos armados), do direito internacional dos direitos humanos (que visa a proteção universal da dignidade humana), e do direito internacional dos refugiados (que protege pessoas deslocadas forçosamente).

Israel não é um Estado real. É um projeto militar colonial ancorado em uma ideologia racista, o sionismo. Desde sua fundação, Israel consolidou um regime de segregação, apartheid, violência, ocupação, saque, e limpeza étnica. São 77 anos de genocídio.

Tudo bem, dependendo de sua aproximação com o tema, você pode achar exageradas, injustas as minhas considerações iniciais, e discordar de tudo o que eu disse até aqui. Pode defender como justa e necessária a existência de Israel. Mas a esta altura não há quem, em sã consciência, olhe para Gaza e possa dizer que Israel está apenas exercendo um pretenso direito de defesa. Isso, definitivamente, não!

Em Gaza, neste momento, Israel está levando à efeito o extermínio de um povo, privando-o de condições mínimas de existência digna, impedindo a chegada de ajuda humanitária, tudo isso em inequívoca violação das normas de direito internacional. Isto é um fato incontestável. Não há absolutamente nada que legitime, nem do ponto de vista jurídico, nem do ponto de vista militar, político ou ético, o que Israel faz contra o povo Palestino.

E é por isso que é preciso apoiar os esforços que grupos internacionais vêm empreendendo para fazer chegar à Gaza a mais elementar ajuda humanitária. É por isso que Israel deve sofrer as consequências de um boicote, um isolamento que os obrigue a uma inflexão.

O Movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) é uma forma não violenta de resistência e de solidariedade ao povo palestino para obrigar Israel a fazer três coisas simples: acabar com a ocupação e colonização da Palestina, garantir igualdade de direitos aos palestinos dentro de Israel, e respeitar o direito de retorno dos refugiados palestinos. Convenhamos, não é pedir muito. É um programa mínimo, o ponto de partida básico para, nos termos da legislação internacional, construir uma solução negociada e duradoura para o conflito. Fora disso é a barbárie que estamos assistindo.

Confrontar Israel com o boicote, os desinvestimentos e sanções internacionais é um dever ético. É um imperativo humanitário semelhante àquele que mobilizou a comunidade internacional contra a África do Sul e ajudou a derrubar o regime do apartheid nos anos 1990. O Brasil pode, e deve, usar do prestígio e da influência de sua diplomacia junto aos Brics e aos países do Sul Global para impulsionar essa campanha.

 

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