
Fernando Costa é sociólogo e publicitário
Fernando Costa é sociólogo e publicitário
A presença da deputada federal Luizianne Lins na flotilha humanitária interceptada a caminho de Gaza vai além de um ato de solidariedade: é um gesto político de alto significado no cenário internacional e nacional. Ao integrar a missão que buscava levar ajuda e visibilidade à crise humanitária palestina, Luizianne reafirma uma trajetória marcada pelo engajamento em causas sociais, direitos humanos e soberania dos povos.
Num momento em que a Faixa de Gaza vive uma das piores catástrofes humanitárias de sua história, a participação de uma parlamentar brasileira serve como alerta moral. É a lembrança de que o Brasil, historicamente defensor da autodeterminação dos povos e do diálogo entre nações, não pode se omitir diante de um bloqueio que fere princípios básicos do direito internacional.
A interceptação da flotilha, ocorrida em águas internacionais, reacende o debate sobre os limites da ação militar e a criminalização da solidariedade. Luizianne, ao colocar seu corpo e seu mandato a serviço de uma causa distante geograficamente, mas urgente em termos humanitários, inscreve-se numa tradição de figuras políticas que entendem a representação parlamentar como instrumento de ação ética e não mero cargo institucional.
Sua presença ali também tem ressonância interna. Num país polarizado, em que a defesa dos direitos humanos muitas vezes é confundida com ideologia partidária, Luizianne Lins reafirma a importância da empatia como valor político. O gesto confronta a indiferença e reabre uma discussão sobre o papel do Brasil no mundo: um país capaz de mediar, de denunciar abusos, de fazer da diplomacia um instrumento de paz e não de alinhamento automático.
Ao retornar, Luizianne traz consigo não apenas a experiência da interdição e da tensão diplomática, mas a força simbólica de um ato que devolve sentido à palavra "solidariedade". Num tempo em que o cálculo político costuma silenciar o compromisso moral, sua participação na flotilha é um lembrete de que a política, quando exercida com coragem, ainda pode ser um gesto de humanidade.
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