Professora em MBAs de Marketing do IBMEC Business School e da Unifor. Consultora na Gal Kury Marketing & Branding.
Professora em MBAs de Marketing do IBMEC Business School e da Unifor. Consultora na Gal Kury Marketing & Branding.
É quase impossível caminhar hoje por certos bairros de capitais no Brasil sem topar com um restaurante recém-inaugurado, moderno, instagramável, com fachadas exuberantes, cardápios de drinks autorais e uma equipe de salão bem treinada.
O que está por trás dessa nova onda de estabelecimentos não é apenas o entusiasmo empreendedor ou um chef sonhador. Em muitos casos, trata-se de uma estrutura muito mais robusta: redes de restaurantes bancadas por sócios investidores e fundos especializados no setor de alimentos e bebidas.
O modelo é simples e eficiente: abrem-se várias casas simultaneamente ou em sequência na mesma cidade (ou em bairros próximos), compartilham insumos, fornecedores, know-how, mão de obra e, claro, recursos para marketing e treinamentos. Ganham musculatura rapidamente, atraem os profissionais mais qualificados e montam experiências gastronômicas sedutoras.
A pergunta que surge: quem está perdendo espaço com esse avanço? A resposta, infelizmente, está nas placas de "fechado" nas portas de restaurantes familiares, muitos com décadas, ou até mais de um século de história.
Recentemente, um restaurante tradicional de Londres, o Don Ciccio Osteria Italiana, encerrou as atividades e colou um aviso na porta: "fechamos por falta de clientes". A notícia circulou com pesar nas redes sociais, mas a realidade por trás era ainda mais dura: o restaurante já vinha acumulando críticas ruins de clientes. Ou seja, não era apenas a concorrência.
Era também a dificuldade de se conectar com o público. Como competir com restaurantes de rede que abrem com milhões investidos, chef renomado na inauguração e presença garantida em todos os veículos da imprensa gastronômica? Talvez o caminho não seja competir diretamente, mas se reinventar com autenticidade.
Restaurantes tradicionais precisam atualizar seus serviços, repensar o cardápio, ouvir os clientes e se comunicar melhor sem renunciar à alma que os torna únicos. Porque quando um restaurante histórico fecha, perdemos mais do que um negócio: perdemos memória, afeto e um pedaço da cidade.
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