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Pequenas grandes conquistas
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Professora em MBAs de Marketing do IBMEC Business School e da Unifor. Consultora na Gal Kury Marketing & Branding.

Gal Kury opinião

Pequenas grandes conquistas

O consumidor do futuro, que na verdade já é o consumidor do presente, dá sinais claros de exaustão da exibição egóica do que pode ser épico em sua vida. Quer viver com sentido
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Instagram: feed em ordem cronológica voltou a ser implementado na plataforma nesta quinta, 23; recurso estava em testes desde janeiro de 2022
 (Foto: Divulgação/Instagram)
Foto: Divulgação/Instagram Instagram: feed em ordem cronológica voltou a ser implementado na plataforma nesta quinta, 23; recurso estava em testes desde janeiro de 2022

Vivemos tempos em que tudo precisa parecer extraordinário. Nas redes sociais, a lógica é clara: quanto maior a conquista, maior o valor. Viagens épicas, grandes lançamentos, transformações radicais. A estética do "grande feito" domina o feed. Mas, em um movimento silencioso e ao mesmo tempo, profundamente humano, algo começa a mudar.

Segundo a WGSN, uma das principais agências de previsão de tendências do mundo, 2026 será o ano das minorstones. Um conceito que valoriza as pequenas vitórias do cotidiano. Acordar bem. Pedir ajuda. Dizer "não" sem culpa. Passear com seu cachorro. Ler um livro. Fazer uma receita nova. Esses gestos, que antes passavam despercebidos, agora emergem como potentes símbolos de autocuidado e autenticidade.

Essa virada representa um contraponto direto à cultura da performatividade. Em um cenário saturado pelo exibicionismo digital, celebrar o simples pode ser, paradoxalmente, um ato de resistência. Porque enquanto o algoritmo recompensa o espetáculo, a vida real pulsa em silêncios, pausas e passos lentos.

Também é um convite a repensar a crononormatividade, essa pressão social para alcançar determinados marcos em idades pré-estabelecidas. Casar-se até os 30. Ter filhos até os 35. Comprar um imóvel antes dos 40. Mas... e se a felicidade não seguir esse roteiro?

Há um aumento global (inclusive no Brasil) de mulheres que não planejam a maternidade e querem que essa decisão seja respeitada, representada e compreendida. É o movimento "no-mo" é a abreviação de "no mother". O que isso revela? Que há uma nova narrativa sendo construída, onde o sucesso é menos sobre cumprir expectativas externas e mais sobre reconhecer conquistas internas.

Para as marcas, o desafio é claro: abandonar os estereótipos e construir diálogos mais reais, mais humanos. Porque o consumidor do futuro, que já é o consumidor do presente, já dá sinais de exaustão da exibição egóica do que pode ser épico em sua vida. Quer viver com sentido. E celebrar cada passo, por menor que pareça.

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