Renato Brasil é Químico pela UFC, Mestre em Gastronomia pela Universidade Nova de Lisboa, Docente em Enologia da UNICHRISTUS, Sommelier pela Associação Brasileira de Sommeliers - SP, diretor e fundador da ABS-CE, Docente dos cursos da ABS-CE e Consultor de vinhos para Importadores, distribuidores e restaurantes. Atual 3º lugar no campeonato brasileiro de Sommeliers ABS-Brasil 2019.
Foto: divulgação
Vinho do Porto, uma certificação de origem que remonta ao Marquês de Pombal
Um dos maiores desafios do mundo dos vinhos, que faz com que ele seja visto como objeto inacessível, é o entendimento de suas diferenças e de como identificamos essas características em uma prateleira de supermercado. Este conhecimento nos permite aproveitarmos mais ainda o nosso prazer, que começa ainda na escolha do vinho, considerando suas características sensoriais e entendendo o quanto de história e cultura tem por trás de cada garrafa.
A grande diferença do vinho para outras bebidas é que todas as variáveis que influenciam no gosto do vinho são particulares. A uva que foi utilizada, mesmo que seja das mais conhecidas, quando é influenciada pela variação de solo, relevo, clima, quantidade de álcool, meios de produção, direciona um gosto diferente e provoca uma nova experiência. Aliado a isso, ano após ano, variações internas nas garrafas são notadas, assim como as safras que constam nos rótulos indicam grandes diferenças entre os mesmos vinhos, variando somente o tempo de suas colheitas.
Os países que têm tradição na produção do vinho valorizam mais a região e as suas históricas e fórmulas de produção. Assim, os vinhos de regiões que têm por tradição a produção vinícola ganham bastante evidência no rótulo. Exemplos são os vinhos de Bordeaux ou espumantes da região de Champagne, que não apresentam no seu rótulo as uvas, mas a região de procedência. Eles têm na legislação da Denominação de Origem essa regulação que, se cumprida pelo produtor, lhes dá o direito de ostentar tal distinção no rótulo. Afinal, não é todo espumante que é Champagne.
A partir deste entendimento, em cada região é elaborada uma legislação de proteção à produção regional e a identidade vínica do local. Se obedecidas estas regras, a chancela da Denominação de Origem pode ser ostentada. Portanto, quando virem um rótulo de vinho "Barolo", estejam certos de que dentro dessa garrafa tem um vinho produzido da uva Nebbiolo, que foi plantado e colhido em uma região delimitada e que cumpriu regras significativas para reproduzir a identidade e regionalidade na produção desse bebida.
A primeira denominação de origem
Marquês de Pombal, o grande intendente de Portugal em meados do século 18, identificou que estavam sendo importadas quantidades maiores de vinho do porto ano após ano e que era impossível preservar as mesmas qualidades sensoriais, pois eram exatamente estas que faziam com que o reconhecimento do vinho do Porto conquistasse esse status. Ele tratou de editar regulamentação que delimitava a produção do vinho do Porto desde limites territoriais até classificações dos vinhos que seriam utilizados para vinhos do Porto. Assim, os tantos estilos de vinho do Porto existentes, desde o branco seco, passando pelas famílias dos Tawny e Ruby, até os grandes vintages, ficaram protegidos.
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