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Movimento quer aproveitar pandemia para prorrogar mandatos de prefeitos
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

Movimento quer aproveitar pandemia para prorrogar mandatos de prefeitos

Estender os mandatos não rima com democracia
Tipo Opinião

É pra valer o movimento de entidades de prefeitos por uma prorrogação dos atuais mandatos, previstos para se encerrarem no próximo dia 31 de dezembro. Por enquanto, quem assume a agenda de peito aberto é a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), em lobby escancarado contra a realização de eleições em 2020, num arrazoado argumentativo que junta fundamentos respeitáveis com o mais puro oportunismo.

Separar uma coisa da outra parece importante para se fazer uma discussão que encaminhe para uma definição que respeite o interesse da população, que é o que deveria estar em jogo, de verdade. Admita-se, de já, que garantir o calendário eleitoral, mesmo movendo-se datas inicialmente previstas para mais adiante, ganhando tempo, será uma tarefa gigantesca das autoridades.

Não falo apenas da justiça, mas no geral, do pessoal de áreas como a saúde, que ainda deverá estar enfrentando os efeitos da pandemia por mais alguns meses (tem quem fale até em mais alguns anos), ou da segurança, à qual estará entregue a missão de garantir tranquilidade a um processo que será marcado por muitas regulações e restrições, exigindo um nível de controle mais acentuado do que o normal.

No entanto, nas razões alegadas pela cúpula da CNM, que circulou frenética pelos ambientes virtuais da Câmara ao longo da semana buscando apoio à tese da prorrogação dos mandatos, está, por exemplo, uma alegada economia dos recursos que seriam gastos no processo.

É um dado, embora visto numa perspectiva pobre, que desconsidera aquilo que é elementar: uma democracia, de fato, custa caro para ser mantida de pé e quando se coloca cifrões e zeros no meio do debate há o risco de levar à conclusão simplista, e talvez lógica, de que fazer gastos com eleições em qualquer momento parecerá sempre uma opção pelo supérfluo.

Os porta-vozes do movimento para que os atuais prefeitos permaneçam em seus gabinetes até 2022, descumprindo pacto feito com o eleitor em 2016 que lhes garantia mandatos de apenas quatro anos, podem até enfeitar o discurso, dizer que a coincidência ajuda no planejamento das gestões etc, mas, a rigor, o que pretendem é tirar proveito da tragédia para terem mais tempo no poder. Na maior moleza.

A queixa da ex-tucana

Acaba sendo uma espécie de elogio ao senador Tasso Jereissati, do PSDB, o que aparece como queixa contra ele feita por Mayra Pinheiro, em áudio vazado que circulou na semana, na qual ela ataca o que chama de "ideologização" da Fiocruz. A ex-tucana queixa-se que Tasso não deu ouvidos, em 2018, ao seu apelo para que tentasse interferir no processo de escolha da nova diretoria da Fundação.

A opção correta do tucano

Agora, vejamos o que ela queria que Tasso levasse em consideração para atropelar o processo de consulta interna na Fiocruz, cujo diretor sai de lista tríplice elaborada pelos servidores: o órgão estaria tomado por esquerdistas, na entrada principal da sede haveria a imagem de um pênis, Che Guevara, Lula e Marielle ornamentariam todos os ambientes etc. Diante de tanta fantasia, o tucano fez o certo. Ignorou.

A oposição mora ao lado

O vice-prefeito de Juazeiro do Norte, Geovani Sampaio (PSD) foi às redes sociais para avisar que as oposições estão bem vivas para tirar do poder o atual prefeito Arnon Bezerra (PTB). Não entendeu? Pois é, os dois estão muito rompidos.

Entre idas e vindas

O clima na tarde de sexta-feira, quando começou a circular a informação de que Geraldo Luciano desistira mais uma vez de seu projeto eleitoral para 2020 em Fortaleza, era meio de incredulidade. Fonte contactada pela coluna reagiu com um "de novo?. Fato, como leitura imediata da situação, é que o caminho está ainda mais livre para o Capitão Wagner, do Pros, conquistar os bolsonaristas.

Da expectativa à realidade

Agora, tenta-se entender o motivo real da nova decisão de Geraldo Luciano, a quinta nas suas idas e vindas desde quando anunciou intenção de estrear na política, como candidato, em 2020. Um aspecto considerado é que uma ideia que inicialmente lhe movia, a de que seu projeto seria abraçado pelo empresariado, nunca materializou-se com a intensidade que gostaria. Pode ter sido fator importante.

A falta que Brizola anda fazendo

Ciro Gomes lidera grande ato do PDT a partir de 17 horas de hoje, virtual, como o momento pede, para lembrar os 16 anos da morte de Leonel Brizola. Sem dúvida, personagem que estaria brilhando neste momento em que a mediocridade domina a política brasileira.

 

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