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Gilmar perdeu a capacidade de, como juiz, julgar Bolsonaro
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

Gilmar perdeu a capacidade de, como juiz, julgar Bolsonaro

Ministro Gilmar Mendes (STF) (Foto: Nelson Jr./SCO/STF)
Foto: Nelson Jr./SCO/STF Ministro Gilmar Mendes (STF)

É difícil entender o que passa pela cabeça de uma pessoa pública com a experiência de um Gilmar Mendes quando ele decide deixar a posição, inegociável, de imparcialidade que deveria marcar seu comportamento em relação ao governo e sai a desferir-lhe críticas absolutamente incabíveis, quando feitas por um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Até procedentes e justas, no seu conteúdo, mas que não podem ser feitas por alguém que daqui a pouco, certamente, estará chamado a julgar alguma medida deste mesmo governo que ele agora ataca, tornando-se, por isso, alguém suspeito para fazê-lo.

Uma coisa é preciso ser dita, de qualquer forma, a partir do debate que Gilmar Mendes levantou: as Forças Armadas são passíveis de crítica, sim, não há nada que lhes confira a condição de intocáveis, e, no caso em questão, deveriam se preocupar com o papel a que se prestam e que lhes arranhará a imagem. É inevitável.

O País diante de uma crise grave, profunda, que exigiria o envolvimento do melhor que houver da capacidade de especialistas da área de saúde, e o presidente Bolsonaro vai por um caminho absolutamente contrário e enche de militares o ministério ao qual cabe o desafio direto de encarar o novo coronavírus, respaldando-se numa alegada competência de gestão.

Muito discutível, inclusive, a essa altura, com o País acumulando mais de 72 mil mortes, quase 2 milhões de casos e entregue a uma descoordenação nacional que lança cada estado e cada município, praticamente, à própria sorte.

Enfim, há motivos para as críticas ao presidente, algumas atitudes dele irresponsáveis e inconsequentes alimentam os ataques mais duros que sofre, mas entre os que não devem fazê-las está Gilmar Mendes.

Brasileiro tanto qualquer outro aqui nascido, é verdade, mas, que assumiu ônus e bônus ao tomar posse numa das 11 disputadas cadeiras da mais alta corte do País. Algo que aconteceu, vale lembrar no caso dele, em 20 de junho de 2002.

O seletivo grupo que compõe o pleno do STF é composto por cidadãs e cidadãos escolhidos entre os milhões que somos, a partir de critérios que, inclusive, parece ter passado da hora de serem discutidos a sério.

Pessoas, em geral, originárias do meio jurídico, às quais se entrega a nobre e necessária tarefa de defender a grande lei do Pais, que é a Constituição Federal.

Do debate político recomenda-se que mantenham distância, prudência que tem faltado ao experiente Gilmar Mendes nas suas últimas manifestações.

Como se o País já não tivesse confuso o bastante.

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