Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Aceite-se como justo o pretexto que levou o deputado André Fernandes a ocupar a tribuna da Assembleia Legislativa por cerca de 30 minutos na manhã desta quinta-feira de sessão presencial, pois ali esteve para manifestar a defesa do próprio mandato diante do processo que enfrenta no Conselho de Ética e que estava na pauta do dia.
Minha ideia é lançar dois olhares sobre seu pronunciamento, a fim de fazer a separação necessária entre o que há de aproveitável naquele discurso e a parte que ajuda, somente, a reafirmar sua imaturidade diante do protagonismo que a política lhe tentou reservar com o extraordinário resultado eleitoral e os mais de 110 mil votos que obteve em 2018.
Dá para considerar como discutíveis, no sentido de aceitáveis, os argumentos que ele levou aos colegas quanto ao tratamento diferenciado que seu caso pode estar tendo comparativamente a outros semelhantes.
A ética que se cobra dele, é verdade, também deve ser buscada no comportamento de outros deputados e em todas as situações nas quais os limites de convivência tenham sido ultrapassados.
A exigência que fez de equidade é correta, referindo-se a situações concretas registradas já depois de seu caso, envolvendo os deputados Leonardo Araújo e Osmar Baquit, que protagonizaram um bate-boca e uma troca de acusações graves à vista de todos.
Da mesma maneira que as instâncias de controle da Assembleia precisam, sim, esclarecer o episódio que envolve o deputado Bruno Gonçalves. É dele a voz que aparece em áudio vazado em conversa que parecia envolver uma operação de compra de apoio político? Uma resposta positiva exige uma rigorosa investigação para que seja tudo esclarecido e, se necessário, que as punições aconteçam. Ou, também sendo o caso, as absolvições.
Pronto, acabou o que tenho a dizer daquele pronunciamento que parece aproveitável. A partir dai, tem-se um deputado que, sem a menor noção do que seja democracia e de que está ali em nome dela, registra com orgulho o crédito na TV Assembleia que o apresenta como "sem partido". Uma distorção que ele, expressando seu despreparo político absoluto, quer transformar em virtude.
É um discurso que expõe um representante popular que não consegue esconder seu incômodo com uma imprensa que o critique, ou, talvez, que não o bajule. Um parlamentar que reafirmou, ali, sua opção por dedicar todo tempo de debate público à ideologia, à destruição, e que em um ano, cinco meses e alguns dias de mandato não consegue apresentar uma só ação construtiva para a sociedade.
Os jornais que o deputado vai à tribuna atacar, jocosamente em alguns casos, somam um longuíssimo tempo de acompanhamento da política e de políticos. Não precisam provar, muito menos a ele, a importância que têm na discussão dos grandes temas de interesse do Ceará, no caso do O POVO desde 1928, pelo menos.
Já André Fernandes, só o tempo conseguirá mostrar se não estamos diante apenas de mais um daqueles tantos fenômenos trazidos por uma onda que, ao acabar, os manda de volta para o ostracismo. Não seria (ou será?) o primeiro.
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