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O "Posto Ipiranga", a essa altura, pensa apenas em salvar a própria pele
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

O "Posto Ipiranga", a essa altura, pensa apenas em salvar a própria pele

Tipo Análise
SECRETÁRIO especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil SECRETÁRIO especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues

É cearense o personagem central da confusão que varreu Brasília no dia de hoje, com direito, até, a ameaça pública do presidente da República, Jair Bolsonaro, de mostrar "cartão vermelho" a quem falar em Renda Brasil até 2022, ano em que termina seu mandato.

Foi acima dos seus padrões pessoais, já meio fora do normal, a reação irritada dele à notícia, que circulou farta, de que há estudos no governo para que sejam congeladas as aposentadorias por dois anos como forma de fazer caixa para o novo programa, que viria em substituição ao Bolsa Família.

Coisa, disse o presidente, de quem não tem coração e não conhece a realidade do aposentado no Brasil. Assim sendo, pergunto eu, por que ainda está dentro do seu governo? 

Pois a fonte de todo o noticiário que estragou o dia de Bolsonaro foi Waldery Rodrigues Júnior, um dos auxiliares de Paulo Guedes mais próximos ao ministro e nascido em Missão Velha.

O ataque do comandante maior do governo foi forte, mas a postura do seu chefe imediato no ministério piorou muito a situação do economista cearense, de currículo riquíssimo e longa trajetória na área pública, onde começou nos quadros de qualidade reconhecida do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Guedes não emitiu uma só palavra pública de apoio ao seu assessor e, ao contrário, limitou-se a esclarecer aos jornalistas que o "cartão vermelho" não era em sua direção. Defesa do pressionado Waldery Rodrigues? Nenhuma. Gesto qualquer de solidariedade? Nada.

Pior de tudo é que aquela discussão que o cearense falou à imprensa que vinha acontecendo dentro do Ministério só pode ter como animador principal o próprio Guedes. Não há como se pensar diferente, tratando-se (lembra dele?) do "Posto Ipiranga" de Bolsonaro.

É o caso de perguntar-se o que justifica tanto apego aos cargos. De Paulo Guedes, humilhado de maneira pública pelo presidente na forma de uma desqualificação contundente e barulhenta de um estudo realizado pelo seu ministério, e de Waldery Rodrigues, que escondeu-se atrás de um silêncio um tanto covarde ao longo do dia para não ser percebido como o responsável pela falta que pode ser punida com sua exclusão do campo onde se dá o jogo econômico.

Ruim, para ele, é que há grande chance de alguém entregá-lo, em algum momento, com medo de ser confundido e acabar sendo expulso em seu lugar. Isso, se já não o fez.

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