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A política do sangue quente e a hora do sangue-frio
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

A política do sangue quente e a hora do sangue-frio

Luizianne Lins  (Foto: (Beatriz Boblitz/Especial para O POVO))
Foto: (Beatriz Boblitz/Especial para O POVO) Luizianne Lins

Luizianne Lins, sabe-se, tem um estilo de comportamento público em que parece impossível esconder um sentimento apenas para atender um objetivo político necessário.

Sempre foi assim e é até injusto que, a essa altura, se cobre dela uma atitude diferente, de faz-de-conta.

Portanto, é perda de tempo esperar um gesto seu de compreensão plena para com adversários do primeiro turno que acusa de terem sido "desleais" e "agressivos" na fase de campanha marcada por ataques ao seu
passado como gestora de Fortaleza. 

A franqueza absoluta é uma qualidade da personalidade da petista, na sua condição humana, que costuma virar defeito de sua prática política nas situações que exigem sangue-frio nas decisões.

Como acontece agora, quando se abre diante dela a chance de oferecer aos irmãos Ferreira Gomes, especialmente Ciro, uma lição de como se comportar diante de um resultado adverso e de uma situação que exija maturidade.

No caso deste 2020 pós-primeiro turno, e da etapa seguinte da disputa em Fortaleza, anunciando sem qualquer desvio o apoio à candidatura José Sarto. Inclusive, sendo objetivo, porque as condições postas não parecem lhe oferecer uma opção política real.

Vale uma retrospectiva histórica, nesse ponto: em 2018, fora do segundo turno da eleição presidencial após disputar uma vaga contra Fernando Haddad, Ciro Gomes, à época candidato pelo PDT, recusou-se a anunciar voto no petista.

Deixou que o fígado prevalecesse, numa situação que seria simples, se resolveria com uma gravação em vídeo, uma declaração, coisa assim, mas ele preferiu viajar para Paris.

Sarto, claro, não tem a ver diretamente com o que Ciro decidiu dois anos atrás, o Paço Municipal não é o Palácio do Planalto, mas o episódio de agora permite semelhanças na medida em que coloca à prova a capacidade de pessoas públicas de agirem com grandeza nas horas que exigem grandes decisões.

A alternativa a José Sarto, Capitão Wagner, é um nome oficialmente apoiado por Jair Bolsonaro. Não parece que seja uma opção, por isso, a ser considerada nos critérios do PT e de uma petista.

Resta ver, agora, como Luizianne pretende manejar a situação de uma maneira que a faça diferente, e não igual, daqueles a quem crítica.

Foto do Guálter George

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