Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
A atenção está muito na Câmara, como costuma ser, mesmo, mas o nosso olho talvez precise se voltar com um pouco mais de foco para o que acontece no Senado em termos de sucessão no comando das duas casas do Congresso Nacional. É que há chances reais de a cadeira onde senta o presidente, cobiçadíssima, passar a ser ocupada por um cearense: no caso, Tasso Jereissati, do PSDB.
É o favorito? Não, não é. Articula ativamente para se viabilizar? Não, também não está nessa categoria. Agora, ele quer? Bom, aqui comecemos a aprofundar um pouco mais a discussão. Para destacar, primeiro, que nenhum dos 81 senadores dirá "não" se chamado à missão de assumir um dos postos mais poderosos do Estado brasileiro, inserido, inclusive, na linha sucessória do presidente da República. Depois, para informar que ele não está tão alheio quanto parece ao que acontece em termos de articulação, embora, de fato, seja muito menos atuante do que outros pré-candidatos citados no noticiário.
Com estratégia diferente da observada na Câmara, mas objetivos muito parecidos, há um grupo trabalhando agora para construir uma alternativa que garanta postura de independência no Senado. Após dois anos de um presidente - Davi Alcolumbre, DEM-AP - simpático demais ao Planalto e, que, inclusive, de novo busca as benções do governo para eleger um sucessor ao seu feitio. Após fracassar na tentativa, via STF, de se viabilizar para um novo mandato.
Ou seja, busca-se o nome de um parlamentar que apresente capacidade de defender a Casa e o Congresso diante de um Chefe de Executivo que não costuma medir palavras nem consequências quando na defesa do que entende pessoalmente correto, mesmo que para isso precise atropelar a institucionalidade. Alguém que tenha estrutura pessoal e política para estabelecer o confronto quando necessário e, sobre isso, há um certo consenso de que a lista é seleta e que o nome do tucano cearense a integra.
A alternativa Tasso já foi lançada ao debate público pelo colega de PSDB, Izalci Lucas. Na bancada tucana, com sete integrantes, pode-se dizer que não há disputa, com mais o registro de que os dois senadores do PSL compõem o mesmo bloco. O parlamentar cearense tem simpatias dentro do PDT (Cid Gomes trabalharia o nome com gosto no seu raio de influência), conversa bem com boa parte dos petistas e detém o perfil que os chamados "independentes" (calcula-se que um bloco com cerca de 18 nomes) defendem para o cargo. Ou seja, dificilmente iria ser um presidente para fazer os caprichos (e põe caprichos nisso) de Jair Bolsonaro.
Uma outra vantagem do tucano cearense é que, no campo da economia, abraçaria boa parte da agenda liberal que o mercado defende como prioridade para o Congresso. Nesse aspecto, portanto, não seria qualquer ameaça de retrocesso, dentro da compreensão do termo pelos setores influentes que costumam determinar os caminhos que a política adota. Agora, voltando à pergunta objetiva feita lá atrás, acerca da vontade pessoal de Tasso Jereissati em relação ao movimento que se tenta criar em torno do seu nome para disputar a sucessão de Davi Alcolumbre, a resposta é "sim, ele quer".
Com José Sarto necessariamente deixando a presidência da Assembleia no dia 1º de janeiro para assumir a Prefeitura de Fortaleza, e ainda sem que a nova mesa diretora esteja empossada, Barbalha dominará a política do Ceará até, pelo menos, o começo de fevereiro. Camilo Santana seguirá governador e Fernando Santana assumirá o comando interino do Legislativo estadual, 1º vice-presidente que é, atualmente. Aliás, não fossem as estreitas relações entre os dois (casados com duas irmãs) o parlamentar teria boas chances de suceder Sarto no posto principal do parlamento.
É impressionante que o presidente da Associação dos Prefeitos do Ceará (Aprece), Nilson Diniz, sinta a necessidade de fazer o seguinte alerta à turma que toma posse agora em 1º de janeiro: "A pandemia não acabou e há muitos desafios pela frente, alguns urgentes". A compreensão dele, correta, é de que uma parte dos futuros prefeitos não parece ter ainda entendido a dimensão do problema que os espera, a começar pelo grave quadro sanitário que persiste. Nilson conclui o segundo mandato e elegeu um aliado como sucessor no Cedro.
Anunciada para o dia 4 de janeiro próximo, finalmente, a posse de Mauro Benevides Filho (PDT) como secretário de Planejamento estadual. O que abre espaço para o suplente Aníbal Ferreira Gomes (MDB) e o seu caminhão de processos, inclusive já com condenação no meio.
As articulações nos partidos de esquerda acerca da disputa na Câmara se intensificam para se ter uma linha prévia bem acertada para o encontro de amanhã com o candidato anunciado do MDB, e de Rodrigo Maia, deputado paulista Baleia Rossi. Quem está no meio delas, claro, é o cearense José Guimarães, que andou conversando por telefone com o próprio Lula no período de Natal e defende o PT inteiro no bloco, tese que contraria ainda uma parte boa da bancada. Seu argumento é que o acordo garantiria a um petista - quem sabe, ele - a segunda melhor posição na mesa, depois da presidência.
Enquanto o processo se arrasta em Fortaleza, sob uma eficiente blindagem para evitar que nomes vazem, muitos prefeitos eleitos de municípios importantes Ceará adentro já anunciaram por completo as equipes com as quais tomam posse em 1º de janeiro próximo. Foi o que fizeram nos últimos dias, por exemplo, Glêdson Bezerra (Podemos) em Juazeiro do Norte, e Bruno Gonçalves (PL) em Aquiraz. Resta entender, olhando as diferenças, o que motiva a aparente pressa de alguns em contraponto à demora programada de outros. Explicações há.
Semana um tanto trágica para a comunicação no Interior cearense, com duas perdas importantes para a covid-19. A de Normando Sóracles, no Cariri, e a do radialista Nacélio Cavalcante, com anos de batente nos microfones das emissoras de Iguatu. Enquanto isso, no Palácio do Planalto....
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