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Inimigo do inimigo pode virar aliado
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

Inimigo do inimigo pode virar aliado

Tipo Notícia

Uma candidatura Luiz Henrique Mandetta na disputa presidencial de 2022 poderia trazer alguma confusão ao cenário eleitoral, mas não creio que tenha força para alterar posições e possibilidades. O ex-ministro da Saúde bagunçaria o quadro da briga pelo voto do eleitor conservador, de direita, antiesquerda, ao mesmo tempo em que enfrentaria a forte barreira de um bolsonarismo que o coloca no mesmo plano, por exemplo, dos petistas. Parece complicado e confuso, mas é o que é.

Mandetta se fez nacional, olhando lá o começo de sua projeção, por um discurso antipetista forte e um foco negativo especial no Mais Médicos. Deputado federal à época do governo Dilma Rousseff pelo Mato Grosso do Sul, já filiado ao DEM, ganhou espaços com os ataques, da tribuna, ao programa e, especialmente, à presença dos cubanos no País. Vale dizer, ele decidiu não disputar reeleição em 2018, dizendo-se cansado da Câmara.

É mais ou menos o que lhe abriria caminho para virar, depois, ministro da Saúde do começo do governo Bolsonaro. Aliás, cargo no qual pode extinguir o programa petista do qual virara crítico número um, certamente o grande prazer que lhe proporcionou a passagem pelo cargo, ou, talvez até, o único.

A animada experiência no Executivo lhe deixou como saldo um novo inimigo político, no lado em que milita, à direita, situação que certamente estará no centro de seu discurso eleitoral caso venha mesmo a entrar na disputa. Bolsonaro e Mandetta se odeiam, não há termo que expresse melhor o sentimento de um em relação ao outro, com uma mútua intensidade.

A opção do ex-deputado e ex-ministro passa a ser interessante de verdade como alternativa para uma perspectiva de composição que, nesse caso sim, poderia gerar mais do que confusão. É antiga a paquera do DEM com o ex-ministro (e ex-governador) cearense Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à presidência, aliás, uma relação que quase virou casamento já em 2018.

Uma aliança Ciro-Mandetta seria uma grande novidade e juntaria nomes aptos a agregar valor um ao outro, já que existe anti-Bolsonaro pela direita e pela esquerda e os lados poderiam se sentir representados num acordo político que envolvesse os dois. Uma chapa quente, forte. E capaz de atender àquele segmento que busca desesperadamente uma opção a Bolsonaro que não venha do PT.

Foto do Guálter George

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