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A decisão de Fachin e sua intenção possível
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

A decisão de Fachin e sua intenção possível

Lula fará hoje pronunciamento em coletiva de imprensa; você pode assistir à transmissão ao vivo pelo YouTube do ex-presidente, além de canais de TV (Foto: REPRODUÇÃO)
Foto: REPRODUÇÃO Lula fará hoje pronunciamento em coletiva de imprensa; você pode assistir à transmissão ao vivo pelo YouTube do ex-presidente, além de canais de TV

No Brasil das teses conspiratórias, algumas que até acabam se demonstrando verdadeiras no frigir dos ovos por mais absurdas que inicialmente pareçam, o grande esforço de agora é tentar entender o que haveria por trás, de verdade, da decisão inesperada do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, anunciada no começo da tarde.

Lembrando, ele anulou as condenações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aplicadas pela 13ª Vara Federal de Curitiba, onde atuava quando juiz Sergio Moro, reconhecendo não se tratar do foro competente.

No politiquês simples, Lula está novamente elegível para, se quiser, participar como candidato da disputa presidencial de 2022, por exemplo.

As acusações de que estava envolvido com irregularidades apuradas na operação Lava Jato passam a ser responsabilidade, partindo-se quase do início do processo judicial, da justiça federal de Brasília. Ou seja, não é que ele esteja livre de responder pelas histórias, mas o que havia contra o petista de condenação, isso sim, deixa de existir. Caso a decisão, que é monocrática, prevaleça.

Porém, o exercício mais animado do momento é buscar as explicações para a repentina decisão de Fachin, um lavajatista notório desde sempre.

Talvez seja a primeira decisão dele, como ministro do STF, em aparente desencontro com seus conterrâneos paranaenses da Lava Jato, o que está gerando desconfianças e uma tese principal começa a ganhar força.

Poderia ser uma estratégia para fazer parar um outro processo, este desconfortável para Sergio Moro, no qual se lança suspeição sobre o comportamento dele como magistrado, a partir do que tem sido exposto por vazamentos de conversas suas com procuradores onde apareceria mais interessado em condenar Lula do que, na verdade, em julgá-lo a partir da força e da consistência das provas apresentadas. Moro, como efeito de uma decisão que anula suas ações como juiz, também ficaria livre de responder por elas.

Seja ou não fruto de uma conspiração, a decisão de Edson Fachin encontra respaldo num número cada vez maior de juristas que consideram inapropriada a escolha de uma vara de Curitiba para julgar situações que aconteciam a milhares de quilômetros de distância da capital paranaense.

Aliás, trechos das conversas captadas por hackers e que têm sido tornadas públicas mostram que os próprios investigadores, em vários momentos, admitiam que era uma situação controversa.

A estranheza com o que aconteceu hoje, portanto, é mais pelo ministro e o momento do que em relação à tese que embasa o despacho.

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