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Eunício também prepara a volta ao jogo
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

Eunício também prepara a volta ao jogo

Eunício Oliveira, do MDB, trabalha para voltar à cena política. O ex-senador esteve no grupo que semana passada sentou-se com Lula, em São Paulo, para fazer uma análise do quadro
Tipo Análise
1804gualter (Foto: 1804gualter)
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Um ator político que teve muita presença e protagonismo nos últimos anos da vida pública cearense prepara sua volta ao cenário, ainda em meio à dúvida de muitos sobre o caminho que pretende traçar para readquirir o espaço perdido desde a inesperada derrota cerca de três anos atrás, nas eleições de 2018. Trata-se de Eunício Oliveira, do MDB, vamos lembrar, que se acreditava reeleito por antecipação naquele ano como senador depois de uma engenharia política que o colocou no palanque do governador Camilo Santana (PT) e, este parece ter sido o problema, do então candidato (hoje senador, pelo PDT) Cid Gomes.

Cabe contextualizar, porque até hoje os sentimentos dos personagens em questão movem-se muito pelos acontecimentos daquele período. Eunício permanece grato a Camilo pelo empenho, apesar de derrotado por Eduardo Girão numa disputa direta entre eles pela segunda vaga do Senado (a primeira ficou com Cid), com a mesma força com a qual acusa Cid e seu grupo de terem feito corpo mole na aliança. Desconfia, até, que houve um movimento de última hora para vitaminar o nome de Girão, recomendando o voto nele.

Eunício se movimenta sem fazer barulho, até o momento. O plano é mesmo de voltar ao jogo e a conversa com interlocutores indica que o alvo é um dos cargos majoritários que estarão em disputa (governador, vice-governador e uma cadeira no Senado), o que torna todo o processo ainda mais confuso e delicado. Por enquanto, afasta-se qualquer hipótese de recomeçar a caminhada por onde tudo começou, na Câmara Federal, onde Eunício esteve por três mandatos consecutivos, entre 1998 e 2010. Claro que seria uma ideia que, se admitida, facilitaria muita coisa nos entendimentos.

A questão é que o líder emedebista, presidente do Senado nos anos de 2017 e 2018, aposta no fator Lula para seu retorno e integra o grupo de sete senadores e ex-senadores do partido que diz manter conversas frequentes com o petista. Basicamente, os mesmos emedebistas de grife que, na campanha de 2014, insistiu junto ao próprio para que fosse ele o candidato à presidência em lugar de Dilma Rousseff, que terminaria reeleita e depois afastada. A leitura deles até hoje é de que a história do Brasil estaria sendo contada de forma diferente nos últimos anos caso a tese que defendiam tivesse prevalecido.

Eunício esteve no grupo que semana passada sentou-se com Lula, em São Paulo, para fazer uma análise do quadro. Segundo ele reforça, são conversas que têm acontecido há algum tempo, ainda sem um desenho claro do objetivo que se está buscando, mas, não há dúvida, o cenário eleitoral de 2022 persiste como foco principal da discussão. Nesse sentido, anima muito o grupo que Lula se anuncie para eles como sendo "o centro", expressão que soa quase como uma música para o tradicionalmente murista MDB.

A resposta de Ciro

Ciro Gomes foi "Ciro Gomes" no estado mais puro ao reagir, sexta-feira, ao novo aceno de Lula em sua direção, durante a boa entrevista ao colega Jocélio Leal na rádio O POVO/CBN, no sentido de querer uma convivência tranquila entre eles. Frases de Ciro, falando a José Luiz Datena, à Band, manhã do dia seguinte: "Lula só pensa em política", "ele nos trata como imbecis que temos que dar amém para suas contradições", "estou em outra, vou tentar outro projeto".

O recado de Lula

Eis o que temos. Lula, de um lado, pisando em ovos nas manifestações públicas, quase que tentando assumir uma postura paternal em relação a Ciro (sendo ou não sincero), enquanto este, nas reações, se mantém no ataque, sem timidez. Os que lutam pelo reagrupamento das forças, e eles são muitos no Ceará, inclusive por interesse próprio às vezes, vêm a hipótese mais distante a cada movimento e apressam análise de cenário para definir logo o lado em que deverão estar quando o rompimento for oficializado.

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Um não quer, dois não brigam

Capitão Wagner, deputado federal do Pros, surpreendeu nos últimos dias ao partir para cima do senador Tasso Jereissati, do PSDB. Segundo ele, o tucano precisará provar agora, na CPI da Covid, que é tão rigoroso para apontar os problemas do governo de Camilo Santana no Ceará quanto tem sido para atacar Jair Bolsonaro e sua gestão federal. A coluna apurou que se ele esperava alguma resposta, para dar sequência ao debate público, se frustrará na expectativa.

As tarefas de Mayra

 Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde e Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde
Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde e Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (Foto: Foto: Thaís Mesquista/O POVO)

Quem está no olho do furacão na crise da Covid no Amazonas, investigada pelo TCU, o Ministério Público e agora também pelo Senado, é a médica cearense Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde desde o começo do governo Bolsonaro. Lembrando que ela comandou uma força-tarefa da pasta que foi a Manaus na época, tomou decisões importantes e, por isso, está apontada como um dos elementos centrais dos acontecimentos que envolveram a tragédia que ali se vivenciou em 2020.

O Senado quer ouvir

Mayra Pinheiro já tem seu nome posto nas listas formais que circulam entre os senadores das primeiras pessoas que devem ser chamadas a depor na CPI da Covid, a ser instalada na semana, e é incluída com destaque, ao lado do ex-ministro Eduardo Pazello, na ação por improbidade administrativa que o Ministério Público Federal deu entrada na justiça após apurar a crise de desabastecimento de oxigênio na capital amazonense.

França, o sobrenome

Na primeira ação como vereador em Fortaleza, o jovem Pedro França, do Cidadania, abraça a causa das barracas de praia, apelando ao Comitê estadual de Combate à Covid-19 que elas sejam reabertas para funcionarem como restaurante. Ele está no mandato desde o dia 6, ocupando vaga aberta com licença de Michel Lins, e, para quem não ligou o sobrenome à pessoa, trata-se do neto da procuradora Socorro França, atual secretária estadual de Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos.

O Ceará e os cearenses na CPI

Dos três senadores cearenses, dois - Eduardo Girão (Podemos) e Tasso Jereissati (PSDB) - farão parte da CPI da Covid, o que parece ser um indicador importante de que a bancada do Estado poderá ter protagonismo nas investigações que os parlamentares devem começar durante a semana. No que depender de um (Girão), o governo do Ceará e a prefeitura de Fortaleza virão ao centro da investigação, enquanto o outro (Jereissati) tem sido explícito na sua ideia de que o foco dos trabalhos precisará ser buscar as responsabilidades do Governo Federal, liderado por Jair Bolsonaro.

Empolgado com o êxito de sua pressão no Senado para que a CPI incorporasse também a perspectiva de estender as investigações a governadores e prefeitos, Eduardo Girão passou a se movimentar nos últimos dias para ganhar, no voto, a presidência da Comissão. Atropelando um acordo prévio que definira para o cargo o senador amazonense Omar Aziz (PSD) e do qual faz parte a indicação de Renan Calheiros (MDB-AL) para a relatoria.

Ou seja, o senador cearense de primeiro mandato decidiu comprar uma briga grande para, em meio a cotoveladas políticas, forçar a porta de um espaço do Congresso que exige fichas disputadas àqueles que queiram acessá-lo. Há sérias dúvidas se ele as tem.

 

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