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As razões de Cid ao antecipar os passos
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

As razões de Cid ao antecipar os passos

A palavra de Cid Gomes tem um peso especial na escolha do candidato ao governo, em 2022, e a decisão dele de falar agora no tema diz algo sobre a pressão interna que começa a incomodar
Tipo Opinião
Eleições 2022 (Foto: Carlus Campos)
Foto: Carlus Campos Eleições 2022

A semana que marca a volta definitiva de Roberto Cláudio ao Ceará, após temporada de estudos em São Paulo, também deixa registrada a mais forte manifestação do senador Cid Gomes em defesa do nome dele como, hoje, a melhor opção de candidatura ao governo estadual no próximo ano pelo PDT. Vozes próximas ao ex-prefeito de Fortaleza admitem que seu entusiasmo pessoal recebeu uma injeção política importante com os acontecimentos dos últimos dias.

A história precisa ser entendida, inicialmente, pelos componentes de um ambiente de bastidores que anda agitado. Apesar da calmaria aparente que, na verdade, é mais aparente do que calmaria. São cada vez mais barulhentos e pouco discretos os movimentos do deputado federal Mauro Benevides Filho para furar uma fila de nomes prefenciais que se entende já estabelecida, na qual a primeira vaga estaria ocupada por RC na compreensão dos líderes que de fato terminam por encaminhar as grandes decisões do grupo.

A palavra de Cid tem um peso especial na escolha e a decisão dele de falar agora no tema, quando seria de sua natureza política postergar o debate o máximo possível, diz algo sobre a pressão interna que começa a incomodar. Entendeu-se como importante, diante das circunstâncias criadas, dar um jeito para que as lideranças do interior comecem a captar as sinalizações de preferência, inclusive como meio de resistir a assédios que vão acontecendo. E, como já dito, que deixaram de ter a discrição como marca.

Os movimentos de Mauro Filho chamam atenção porque há, vinculada a ele, uma espécie de simpatia tácita de Ciro Gomes, outro nome que tem as posições consideradas quando chega a hora de decidir, mesmo que para esta situação específica com influência menor do que a do irmão senador. Cid cuida muito mais das questões locais, acaba tendo naturalmente um peso mais forte para o caminho que se decida adotar e é reconhecida sua capacidade de apontar em direções certas nessas horas, o que se considera ter acontecido nas escolhas do próprio Roberto Cláudio, em 2012, e de Camilo Santana, em 2014.

Aliados de RC trabalham forte, desde o momento em que Cid fez a declaração pública na segunda-feira durante entrevista à TV oficial da Assembleia Legislativa, para levá-la ao máximo possível de ouvidos pedetistas. Como é praxe no novo normal da política, o vídeo circulou à farta durante a semana em grupos de WhatsApp e está sendo vendido como uma demonstração clara de que o senador já escolheu o ex-prefeito de Fortaleza para 2022. Com volta definitiva a Fortaleza programada para esse fim de semana, Roberto Cláudio chega num contexto favorável criado pela situação, o que talvez indique que pode não ter sido assim uma coisa assim tão aleatória e espontânea.

COMPREENSÃO TUCANA

No geral, a decisão do senador Tasso Jereissati de se encontrar com o petista Luiz Inácio Lula da Silva, durante a passagem dele por Fortaleza, foi respeitada no âmbito do PSDB. Os sinais de desagrado que chegaram ao parlamentar cearense foram raros e, todos, de tucanos simpáticos ao governador paulista, João Doria. Tasso deu de ombros para tudo e, nas conversas sobre o assunto, destaca sua relação pessoal de muito tempo com Lula, apesar de nunca terem sido aliados, e fala da importância da política oferecer o exemplo da civilidade diante do momento conturbado.

INCOMPREENSÃO BOLSONARISTA

O desdém de Tasso com o muxoxo de correligionários tucanos é ainda maior na não reação às críticas que recebeu na Câmara de Fortaleza. A notícia irritou vereadores da oposição, com especialidade o bolsonarista Carmelo Neto (Republicanos) que, na melhor expressão da lógica pessoal de que política se faz com ódio, e odiando, foi à tribuna chamar o senador de "traidor" pela iniciativa da conversa e, também, pelos gestos de aproximação com os Ferreira Gomes. Às vezes, parece, o vereador, eleito com apenas 19 anos, acha que a história política do Ceará tem a mesma idade dele.

FORA DA CPI, MAS UMA VITÓRIA

Cearense Eduardo Girão, do Podemos, deu uma pausa na sua cruzada para levar o Consórcio Nordeste às luzes da CPI da Covid e, na semana, comemorou uma vitória política e pessoal: projeto de lei do qual foi relator, aprovado pelo Senado, incluirá o líder espírita e humanista Chico Xaxier no livro Herois da Pátria, colocando-o no plano de personalidades como Tiradentes, Machado de Assis, Miguel Arraes, Zumbi dos Palmares e outras mais que se considera terem exercido papel fundamental na construção do País.

COMO PIADA PARECE BOA

É dura a vida da vice-prefeita de Sobral, Cristhianne Coelho, que convive com um prefeito, Ivo Gomes (PDT), que não perde chance de fazer graça e expor sua visão negativa sobre o nome refencialmente mais importante do petismo, Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato à presidência em 2022, inclusive. Ganhou destaque comentário pessoal dele em foto nas redes sociais do encontro em Fortaleza do irmão, senador Cid Gomes, com Lula, quando das conversas políticas por aqui. Lembremos o que escreveu o espirituoso gestor pedetista: "todo cuidado com a carteira é pouco".

NO PT, SILÊNCIO E INAÇÃO

O problema é que sua constrangida vice é filiada a esse PT que Ivo Gomes tanto gosta de fustigar. Alguém está fingindo nessa parceria porque não há como transformar Sobral numa ilha absoluta, onde as coisas não precisem guardar qualquer correspondência com o que aconteça fora dos seus limites. Chega a ser politicamente chocante a reação tímida, quase silenciosa, dos petistas locais, não apenas os sobralenses, diante das grosserias repetidas do prefeito, excetuando-se, vale registro, a resposta do deputado federal José Airton que deu nome à atitude chamando-a de "canalhice". Os cargos em jogo valerão tanto?

A CADA ATAQUE UMA DEFESA

Pré-candidato ao governo do Ceará, pela oposição, o Capitão Wagner está tendo os passos políticos muito bem monitorados pelo Palácio da Abolição. Vai ser na base do bateu-levou, como ficou demonstrado na semana com a dura resposta do secretário Maia Júnior, do Desenvolvimento Econômico, aos ataques do parlamentar ao desempenho econômico e fiscal do governo Camilo. Tudo isso passou pelas páginas de Opinião do O POVO e confirma a tendência de termos uma temperatura política nas alturas até 2022.

"Tenho três alternativas para o meu futuro: estar preso, ser morto ou a vitória. Pode ter certeza: a primeira alternativa, preso, não existe" Presidente Jair Bolsonaro, ao participar de evento com evangélicos, ontem em Goiás. Triste país onde o mandatário principal se vê obrigado a fazer uma defesa prévia nesse nível sem que, sequer, tenha sido provocado a falar sobre o assunto

 

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