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A segurança quer (outro) debate
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

A segurança quer (outro) debate

Tipo Análise
2609gualter (Foto: 2609gualter)
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A fase atual da política cearense pode ser definida como de "esquenta" para os interessados em disputar o governo estadual nas eleições de 2022. O que acontece agora indica o debate que devemos assistir na fase oficial de campanha e, ouvi isso de algumas vozes qualificadas, a parte revelada deste filme não parece nada boa. O ponto principal é que, confirmado o Capitão Wagner como nome principal da oposição, a temática da segurança pública tende a dominar a pauta, o que não chegaria a ser um problema consideradas as razões objetivas, o lugar de fala do potencial candidato e o cenário que é preocupante, de verdade.

Qual o problema, então? Está na qualidade do que tem aparecido como argumentação, acreditando-se em tendência de piora à medida em que a eleição se aproxime e os fins passarem a justificar ainda mais os meios quando se trata, na cabeça de muitos, de disputa pelo poder. O Capitão Wagner assume um papel meio limitado quando parece entender que lhe basta dizer que está tudo errado e que nada há feito que mereça uma análise positiva, enquanto as vozes que falam pelo governismo (houve manifestações nos últimos dias do governador Camilo Santana, do secretário Sandro Caron e do pré-candidato pedetista Roberto Cláudio) simplesmente apontam "politicagem" nas críticas para considerá-las desmerecedoras da atenção. De quem governa e da população.

O quadro é sério demais para simplismos e os dois lados, até agora, optaram por esse caminho na discussão que trouxeram a público. O cearense vai querer sim que a violência e a insegurança pública estejam contempladas nas preocupações prioritárias de quem quer que se coloque para disputar o comando do governo do Ceará a partir de janeiro de 2023. Porém, os projetos que entrarem na briga, considerados ainda grupos que eventualmente não tenham Wagner ou o governo atual envolvidos, precisam apresentar soluções reais e claras. Os diagnósticos já existem, sabe-se que o cenário segue preocupante e o essencial é que se aponte os caminhos de saída sugeríveis.

Até porque, vale um último registro, o quadro não se mostra tão fácil de percurso para o oposicionista Capitão Wagner quanto ele próprio demonstra acreditar. É sua primeira experiência de disputa pelo governo, após sucessivos e contundentes êxitos em candidaturas proporcionais, da Câmara de Vereadores ao Congresso, passando pela Assembleia, e dois fracassos acumulados em tentativas de conquistar a prefeitura de Fortaleza. O desafio inicial que lhe está apresentado será, em campanha, convencer ao eleitor de que na hipótese de enfrentar um motim de policiais militares, caso venha a suceder Camilo Santana como governador, ficará ao lado da população assustada. Nos dois episódios em que se viu diante da situação sua opção foi outra, líder da categoria que era (e é), esperando-se que tenha compreendido que cometeu um erro naquelas ocasiões. Caso contrário, lhe exigirá um trabalho hercúleo viabilizar-se como candidato.

 

Eduardo Girão (Podemos-CE)
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Eduardo Girão (Podemos-CE)

Independente, de fato

Pronto, agora a dúvida sobre isso está esclarecida e a coluna não se sente mais em condições de cobrar do senador cearense Eduardo Girão (Podemos) uma demonstração efetiva de independência em relação ao Palácio do Planalto e ao presidente Bolsonaro. Foi decisiva sua intervenção quinta-feira na CPI da Covid para apontar Flávio Bolsonaro como o senador que fez parte de uma misteriosa e mal explicada viagem a Las Vegas acompanhando o empresário Danilo Trento, que prestava depoimento na ocasião, para fazerem lobby pela legalização do jogo no Brasil.

Ou, talvez, oposição

É importante lembrar que uma das causas que Girão levou ao Congresso, como herança do tempo de ativismo cidadão, quando não tinha mandado, foi sua total oposição à ideia de legalizar o jogo no País. Sua atitude, em virtude de como se comportara até então na própria CPI, alinhando-se quase sempre com os governistas, surpreendeu senadores, gerou uma forte e animada reação nas redes sociais e, até onde se sabe, o coloca, definitivamente, disputando espaço na galeria de quem é persona non grata para os Bolsonaros e seus seguidores mais fanáticos.

À espera do barulho

Embora seja ainda muito cedo, com apenas 48 dias da CPI instalada, de 120 como prazo total de funcionamento, já se percebe gente nos corredores da Assembleia frustrada com o pouco que conseguiu gerar, até agora, a investigação parlamentar sobre o motim de PMs de 2020. Muito em função do barulho que chega de Brasília, com o que acontece no Senado à medida em que avança a apuração dos problemas no combate à Covid no plano federal. A aposta de deputados governistas, amplíssima maioria no colegiado, é que a fase de depoimentos ponha fogo no debate.

EUNÍCIO foi entrevistado ontem pelos jornalistas Ítalo Coriolano e Henrique Araújo(Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves EUNÍCIO foi entrevistado ontem pelos jornalistas Ítalo Coriolano e Henrique Araújo

Novo ânimo, velhos planos

De mandato renovado como presidente do MDB no Ceará, Eunício Oliveira se coloca de maneira definitiva no cenário das eleições de 2022. O cargo a ser buscado ainda nestá em discussão e, hoje, as vozes que lhe chegam mais perto indicam como caminho natural, porque mais fácil de ser trilhado, uma tentativa de volta à Câmara Federal, onde ele já esteve por três mandatos consecutivos e ocupou espaços de destaque. Na disputa majoritária enxerga-se pouca chance de um projeto vitorioso e o próprio Eunício amanhece a cada dia mais convencido disso.

Eles, os influentes

O Anuário do Ceará, a mais antiga publicação do Estado e que consegue se apresentar pleno de modernidade a cada tempo em que nos chega às mãos, atualiza, no número que será lançado amanhã, às 18 horas, nas redes sociais do O POVO, aquela prospecção sobre os os nossos parlamentares mais influentes. E há novidades, como a presença do Capitão Wagner (Pros) na trinca dos que dão as cartas na bancada federal cearense ao lado dos senadores Tasso Jereissati (PSDB) e Cid Gomes (PDT). Na Assembleia, o atual presidente Evandro Leitão (PDT) pela primeira vez puxa a fila no bloco principal.

Eles por eles

A pesquisa é boa, e fiel, porque permite uma consulta direta aos próprios parlamentares, estaduais e federais, que votam e são votados. Portanto, há nela um valor único, que é reproduzir a verdade real sem jogar peso no que muitas vezes expressa apenas aparência, tem mais a ver com a notícia do que com o fato. Agora, mais importante, quer saber como ficaram os blocos de cima? Confira, então:

Bancada federal

1º) Tasso Jereissati, PSDB - 10 votos (mesma performance do ano passado)

2º) Cid Gomes, PDT -

9 votos (repete posição de 2020)

3º) Capitão Wagner, Pros - 6 votos (era 4º quarto lugar)

Assembleia Legislativa

1º) Evandro Leitão, PDT -

27 votos (foi 3º na vez anterior)

2º) Júlio César Filho, Cidadania - 19 votos (mesma posição de 2020)

3º) Antônio Granja, PDT,

Augusta Brito, PCdoB, e Elmano de Freitas, PT - 7 votos cada

 

 

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