Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
É impossível descolar do cenário político-eleitoral que a cerca a espalhafatosa operação do dia da Polícia Federal, que visita endereços de cidades do Ceará, Minas Gerais, São Paulo e Maranhão. Afinal, uma das casas onde os agentes e delegados tocaram a campainha de manhã cedo é residência do pré-candidato do PDT à presidência da República, Ciro Gomes, crítico profundo de Jair Bolsonaro e, claro, empenhado em tirá-lo da cadeira pelo voto no próximo ano.
Há questões ligadas à própria investigação que precisam ser melhor esclarecidas ao longo do dia. Por exemplo: o que ainda se imagina possível encontrar chegando de surpresa dez anos ou mais depois da coisa feita (é uma situação da época do governo Cid Gomes, lembremos, que terminou no final de 2014)? Ou, segundo calculo, pelo menos quatro anos distante do momento em que as supostas irregularidades foram tornadas públicas, coisa de 2017? Finalmente, o que se imagina ainda encontrar guardado pelos que tenham eventualmente cometido irregularidades para desviar recursos públicos, no caso, da obra de reforma do Castelão para a Copa que seria (e foi) disputada no Brasil?
São apenas algumas perguntas de muitas que podem ser feitas à Polícia Federal para ver esclarecidas as dúvidas acerca do momento em que a operação acontece, a forma barulhenta como é levada adiante e a força real dos indícios que levam a inclusão entre os investigados de um político que é profundamente crítico do presidente Bolsonaro. Irmão do governador da época, é verdade, mas este fato, em si, anda longe de justificar sua inclusão entre os suspeitos, tornando ainda mais necessária uma atitude de transparência dos investigadores para justificar o que acontece no dia de hoje como fato policial de efeitos políticos inevitáveis.
Do ponto de vista da política, dando-se crédito à grita do próprio Ciro de que está sendo alvo da PF em razão de sua pré-candidatura presidencial, é um caso flagrante de burrice estratégica. O pedetista, hoje, é até útil a Bolsonaro, colocando-o como a mão invisível por trás dos eventos policiais do dia, porque tira voto de um potencial eleitorado de Luiz Inácio Lula da Silva. Exclui-lo do jogo agora, portanto, só facilita as coisas para o petista, que tende a herdar a maior parte dos que preferem ainda a alternativa Ciro Gomes. É um caso, se confirmada a intervenção, de burrice ou desespero.
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