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Mário Vargas Llosa sobre Bolsonaro: "é um palhaço"
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

Mário Vargas Llosa sobre Bolsonaro: "é um palhaço"

Escritor peruano, que tem um Nobel de Literatura na sua estante, apresenta-se pessimista com as perspectivas da direita, onde se situa politicamente, na América Latina. O presidente brasileiro, para ele, é uma decepção
Mario Vargas Llosa, escritor. (Foto: Divulgação) (Foto: )
Foto: Mario Vargas Llosa, escritor. (Foto: Divulgação)

O consagrado escritor peruano Mário Vargas Llosa anda decepcionado com o quadro político da América Latina. Um conservador de direita qualificado, ele adverte sobre o avanço da esquerda na região, dizendo-se preocupado em relação ao que aconteceu agora no Chile, com a vitória de Gabriel Boric na disputa pela presidência, e pessimista quanto às perspectivas nas eleições seguintes que acontecem na Colômbia e no Brasil, países nos quais candidatos de esquerda igualmente lideram as pesquisas: com Gustavo Petro e Luiz Inácio Lula da Silva, respectivamente.

Numa palestra semana passada quando participava de um encontro da Fundacion Libertad, aliás, sua visão sobre o cenário brasileiro chamou atenção. Quer saber o que ele pensa do presidente Jair Bolsonaro? "Um palhaço", definiu, acusando-o, inclusive, de ser hoje um político "que ridiculariza as coisas que defendemos. Devemos dizer isso claramente, tínhamos muitas esperanças, mas, infelizmente, ele nos tem decepcionado profundamente".

Claro que na sua análise do que está para acontecer no País, sinalizando como muito provável uma vitória de Lula, não há espaço para elogios ao petista. "Um ladrão", afirma, "condenado por juízes dignos devido às suas deliquências flagrantes. Por isso foi preso". Cabe aqui um adendo, que ele não fez, sobre a anulação de todas estas condenações em decisão colegiada da maioria do plenário do Supremo Tribunal Federal.

Sem esconder sua enorme decepção com o momento regional, Vargas Llosa diz que Lula, pelo que apontam as pesquisas, ganhará a próxima eleição no Brasil com enorme facilidade, atribuindo a situação ao fracasso de Bolsonaro como um representante da ideologia que prometia implementar na chegada ao "gigante da América Latina", conforme definiu o escritor.

O quadro é dramático de tal maneira, na análise e na perspectiva do consagrado autor que tem um prêmio Nobel de Literatura na sua estante, que olhando desde o México até aqui embaixo o único governo que efetivamente honra a causa da direita é o de Luis Alberto Lacalle Pou, no Uruguai. Sequer o do Equador, comandado pelo banqueiro Guillermo Lasso, merece respeito da sua parte como modelo de gestão com o perfil conservador que defende.

Esquerda, populismo e ditadura são quase sinônimos na dura observação de Mário Vargas Llossa em relação ao pensamento político que rejeita, critica e enfrenta. Desconsiderando, quando não deveria, o fato de Boric, Lula, Petros, o mexicano Lopes Obrador, também citado por ele, colocarem, todos, o processo de disputa do voto como meio para chegarem ao poder nos países onde atuam.

Aliás, aplicados os critérios que o gênio da literatura usa para teorizar sobre o "esquerdismo" na política, seria interessante imaginar o conceito que ele faria do brasileiro Jair Bolsonaro, fosse ele um representante desta corrente. a partir da observação de suas questionáveis práticas democráticas no cargo de presidente. Talvez a nominação de "palhaço" soasse até como elogio.

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