Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
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A forma como o deputado federal Capitão Wagner, pré-candidato ao governo do Ceará em 2022, reagiu às críticas que a ele foram feitas pelo senador Tasso Jereissati, do PSDB, na entrevista de Páginas Azuis publicada no O POVO da última segunda-feira, dia 3, indica, de sua parte, a inexistência de uma estratégia pronta para responder ao grande tema que sua campanha levará ao palanque e ao debate: a aliança com Jair Bolsonaro na sua provável tentativa de se reeleger presidente da República.
Tasso Jereissati, na entrevista, faz uma observação absolutamente pertinente, e política, ao justificar seu sentimento hoje de decepção com o ex-aliado, com quem já esteve junto em campanhas anteriores. De maneira legítima, e ajustado com a postura que adota desde 2018 e que nunca mudou, o tucano critica a aproximação de Wagner com Bolsonaro para o projeto eleitoral do próximo ano. O deputado, imagina-se, teria como rebater em outros termos e de outra forma, mas optou por um tom agressivo.
O caminho adotado, de ir mais pelo ataque pessoal ("rico e poderoso") e a desqualificação ("não aceita um novo líder sem padrinhos, vindo da periferia"), indica que o Capitão Wagner, na verdade, ainda não sabe como justificar o apoio a Bolsonaro, e vice-versa.
Tivesse sua linha argumentativa já pronta, ou em formulação, pelo menos, a entrevista de Tasso lhe daria a chance de testá-la, começando a preparar o espírito de um eleitor local que, mostram as pesquisas, na maioria reprova e rejeita a postura do presidente da República.
O episódio, além disso, termina por prejudicar a ideia de formação de uma frente ampla de oposição no Ceará, na perspectiva de tirar do poder um grupo que há quase 16 anos dá as cartas. Colocar em prática o estilo agressivo que marca Bolsonaro e sua trajetória, recusando-se a um debate mais elevado em torno de situações que precisam mesmo ser explicadas e, sem uma onda igual àquela que veio forte em 2018, pode restar ao Capitão Wagner o peso de um palanque nacional que mais afasta do que aproxima.
Não parece um bom caminho criar brigas desnecessárias, e extemporâneas, numa fase em que os times ainda estão sendo montados.
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