Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Muita coisa ainda vai acontecer até que se tenha o cenário da disputa eleitoral de 2022 completamente definido e as cúpulas partidárias movimentam-se com bastante intensidade, aos olhos de todos ou longe dos holofotes. Nos últimos dias, colocou-se em evidência o MDB, que abriu conversas em pelo menos dois rumos na perspectiva de formalização de uma federação partidária, novidade importante do novo modelo de alianças desenhado. Um em direção ao PSDB e o outro com foco no recém criado União Brasil (já fruto de uma fusão entre DEM e PSL).
Com o PSDB parece algo até mais coerente, considerando o perfil social-democrata que programaticamente apresenta, mesmo que para alguns tenha na vida prática se deslocado no sentido de uma linha mais neoliberal. Já em relação ao União Brasil imagina-se que o acordo teria uma resistência maior das, chamadas, instâncias históricas emedebistas, pela dificuldade que haveria de bancar uma aliança com siglas integradas por gente vinculada à direita e, até, consideram alguns, à extrema-direita. O que vale projetar é o que isso representaria em termos de Ceará e o efeito que teria sobre os movimentos do presidente regional, Eunício Oliveira, para posicionar seu partido no complexo xadrez ainda em processo de montagem das peças para quando o jogo eleitoral começar de verdade.
À coluna, Eunício garante que haverá pouco impacto local de qualquer posição sobre política de alianças partidárias adotada nacionalmente, já que a federação necessariamente precisa ser um acordo de aplicação para todo o País. A questão, diz, é que em qualquer circunstância o poder de conduzir os acordos no Ceará, mesmo que em nome de uma aliança partidária nos novos moldes que a lei prevê, seguirá cabendo ao MDB, no caso, a ele. E o planejamento não vai se alterar, mantendo-se o ritmo de pesquisas internas permanentes, de conversas frequentes e de uma análise sempre atualizada do cenário para que a decisão aconteça na hora certa. Ou seja, conforme seu entendimento, somente depois que todas as outras forças importantes tiverem decidido seus caminhos.
Dizendo-se tranquilo quanto aos movimentos da cúpula nacional emedebista, o ex-senador cearense adianta que o presidente Baleia Rossi não tem poder para decidir nada sozinho. E destaca, quando se tenta misturar as conversas sobre federação com o processo sucessório nacional, que a postura já definida do chamado "grupo autêntico" - do qual faz parte ao lado de nomes como Jáder Barbalho, Renan Calheiros, José Sarney, Marcelo de Castro, dentre outros - é de apoiar a candidatura de Lula, do PT. "Temos uma reunião marcada na semana em Brasília para afirmar mais ainda a posição", adianta, com a ideia de depois organizar um encontro com o próprio petista como forma de passar um recado claro sobre uma decisão que já está tomada por eles. "Não há quem me tire do palanque do Lula em 2022", avisa, de sua parte.
O que se sabe sobre os movimentos do emedebista é que suas conversas, parte delas reservadas e distantes dos olhares públicos, envolvem do Capitão Wagner a Camilo Santana, ou seja, vão de um lado ao outro. Sua porta segue fechada apenas para o grupo dos Ferreira Gomes, numa lista que vai até o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, favorito para ser escolhido candidato ao governo, mas com um leque de vetos que não inclui todas as opções colocadas no PDT. Um exemplo: a vice-governadora Izolda Cela é um nome discutível. Eunício assegura que as pesquisas internas seguem apresentando-o como competitivo, especialmente quando citado na condição de "candidato do Lula", e adianta que só pretende abrir mão de sua candidatura se fracassar a tentativa de aliança com o PT no Ceará, que ainda tenta viabilizar com o apoio que diz ter de forças internas. Nesse caso, simplifica tudo, "serei candidato à Câmara Federal". Além disso não há conversa.
"Quando a meritocracia ser dá espaço para uma ideologia sem comprovação científica o resultado não costuma o melhor<br>"
Quem vive a expectativa de ser chamada a São Paulo, nos próximos dias, para uma conversa com Lula é a deputada federal Luizianne Lins, uma das vozes mais firmes no petismo local em favor do rompimento da aliança com o PDT. Enquanto isso, junta documentos e organiza argumentos para justificar sua posição, baseada, exatamente, nos gestos de hostilidade do pré-candidato pedetista à presidência, o cearense Ciro Ferreira Gomes, contra o petismo, os petistas e, frequentemente, o próprio Lula. Não que ela acredite que isso vá mudar os rumos do caminho a ser adotado pelo partido no Ceará.
O empresário sobralense Oscar Rodrigues confirmou que será candidato a vaga na Assembleia Legislativa em 2022, formando dobradinha com o filho, e atualmente deputado federal, Moses Rodrigues. Anuncia-se uma disputa à parte entre ele e a médica Lia Ferreira Gomes, que representará o poderoso clã local, com influência estadual, ao qual a família Rodrigues representa hoje a principal força de oposição na região. Lia soma-se na política aos irmãos Ivo, prefeito de Sobral, Cid, atualmente senador, e Ciro, que tentará pela quarta vez ser presidente da República.
Não sendo fruto de estratégia, será obra do destino que o presidente Jair Bolsonaro obrigue-se a descer com seu avião em Juazeiro do Norte menos de uma semana depois de expor total desconhecimento sobre a localização do município cearense, que pensava ser em Pernambuco, mesmo lá já tendo estado algumas vezes. É uma desinformação tão grosseira, especialmente quando vinculada à figura do Padre Cícero, como aconteceu, que a única saída é imaginar que faz parte de uma ideia pensada para aumentar o interesse em torno de uma visita à região que já estava programada. Digo isso tentando ser simpático a Bolsonaro.
Ex-juiz e pré-candidato do Podemos à presidência da República, Sergio Moro cumpre agenda no Ceará de hoje até a próxima terça-feira. Tentou-se incluir o Capitão Wagner na programação, com a possibilidade de um encontro entre os dois, mas, ao que consta, o deputado cearense conseguiu driblar os convites insistentes. Seria duro para ele, depois, justificar qualquer gesto de aproximação com um novo inimigo da turma bolsonarista local, com a qual conta para sua campanha, mais adiante, ao governo do Ceará.
Teve desdobramento o forte desabafo do deputado estadual Zezinho Albuquerque em relação ao que considera falta de diálogo na aliança governista cearense, feito em janeiro ao participar do Jogo Político, programa veiculado nas redes sociais do O POVO. Houve, depois disso, uma conversa dele com o governador Camilo Santana (PT) e o senador Cid Gomes (PDT), que queriam saber as razões de o influente parlamentar parecer tão "nervoso". Entendeu-se que o problema está localizado nos riscos de não reeleição do filho dele, AJ Albuquerque, como deputado federal. Pelo PP.
O problema: estima-se que o coeficiente exigido por vaga para Câmara seja, em 2022, de aproximadamente 180 mil votos. AJ, mesmo que bem votado como se espera que seja, terá dificuldade de atingir esse patamar sozinho e a chapa em formação no PP para Câmara Federal, por enquanto, não apresenta nomes com força eleitoral suficiente para ajudá-lo no alcance do patamar mínimo. Há, a partir da conversa, um compromisso de fortalecimento da chapa da legenda à Câmara, considerando a importância que se entende que Zezinho tem para o grupo e a aliança.
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