Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
O evento que aconteceu hoje no Palácio do Alvorada serviu, basicamente, para que o presidente da República, Jair Bolsonaro, tivesse um palco de onde pudesse tornar possível sua ideia, quase obsessiva, de deixar em maus lençóis o próprio país que governa.
Agora diante de um conjunto de embaixadores que aceitaram convite oficial que lhes tinha sido feito e que, ali, puderam assistir algo inédito como registro político do que já pode ter acontecido em qualquer lugar do mundo e em qualquer outro momento da história.
É uma coisa tão inédita quanto estarrecedora e, em algum sentido, explicável. Aquele político que de manhã, diante de admiradores e aliados, tentava vender confiança ao falar sobre a eleição de 2022 e afastava qualquer hipótese de resultado desfavorável no voto contado do eleitor, à tarde expôs sua fraqueza real diante dos diplomatas, quase que tentando justificar antecipadamente um quadro de derrota que tem sido antecipado pelas pesquisas.
Para isso, valeu-se de um conjunto de recortes inconsistentes, truncados e, até, mentirosos acerca de episódios relacionados a disputas passadas, dentre elas, veja só, aquela que o trouxe, em 2018, ao cargo que lhe permite nos dias atuais protagonizar espetáculos grotescos como este.
Bolsonaro, claro, pode ter dúvidas quanto à segurança do sistema de votação eletrônica do Brasil. O que não pode é apresentá-las ao mundo de maneira irresponsável e absolutamente despropositada, que é o sentido básico do chamamento feito às representações diplomáticas.
Deu-se hoje, paga pelo contribuinte brasileiro, uma espécie de edição extra, para uma platéia ultra-selecionada, das inconsequentes lives de quinta-feira nas quais o presidente costuma desfilar denúncias desprovidas de qualquer força probatória e que não deveriam ocupar espaço nas preocupações de quem tem um País de problemas históricos e imensos à espera de um governo que, pelo menos, mostre preocupação com eles.
O que aconteceu na tarde desta segunda-feira, 18 de julho, mostra, de maneira definitiva, ser falsa a ideia de que o Brasil de agora tem instituições funcionando. Assim o fosse, dificilmente um episódio com dimensões tão graves passaria incólume, sem que os protagonistas, principais e secundários, fossem devidamente responsabilizados e viessem a responder por eles na dimensão dos papeis que desempenham.
Certamente, os diplomatas que atenderam ao convite do presidente brasileiro e foram ao encontro produzirão relatórios para seus governos nacionais colocando dúvidas reais sobre o que acontecerá no Brasil até outubro, em termos de processo eleitoral. Uma conclusão à qual se chega numa simples análise do comportamento que adota Jair Bolsonaro e sem relação com o vazio de conteúdo das tais denúncias que ele apresentou como forma de amparar sua tese derrotista de que o sistema brasileiro de urnas eletrônicas tem fragilidades.
O cumprimento do calendário eleitoral programado para 2022, está comprovado em mais uma situação desafiadora que surge, exigirá mais esforços do que fizeram até agora os envolvidos com sua realização.
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