Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Dos grandes candidatos, aquele do bloco de três que prende atenção do eleitor cearense em relação à disputa pelo governo do Ceará em 2022, Roberto Cláudio, do PDT, é quem mais precisa se preocupar com o que dizem, da realidade política e eleitoral do momento, os novos números do Ipespe, em pesquisa contratada pelo O POVO. Olhando para cima, ele não consegue se aproximar do líder Capitão Wagner (União Brasil) e, olhando para baixo, sente o calor da aproximação até rápida de Elmano Freitas (PT), aquela candidatura que nasceu, de última hora, da falta de acordo em torno de um nome que fosse capaz de manter a aliança unida.
Numa perspectiva pessoal, a perda de apenas três pontos do pedetista quando o eleitor é estimulado a manifestar sua intenção de voto, levando-o a cair dos 28% anteriores para 25% agora, até não parece preocupante. É uma movimentação, para efeito técnico, que pode nem ter acontecido, mantendo-se dentro da margem de erro, na pesquisa, de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos. O problema está no que acontece em relação aos adversários diretos.
O Capitão Wagner, com os 37% (um a menos do que na outra consulta), experimenta uma estabilidade de sua posição na parte de cima que faz aumentar bastante o favoritismo de seu nome para ocupar uma das vagas que passariam ao segundo turno. Como sua caminhada está tranquila, sem crises aparentes e dentro de um ambiente que lhe permite focar no que é essencial à conquista do eleitor, nas entrevistas, nos contatos com lideranças ou no corpo-a-corpo diário nas ruas, o resultado acaba não causando surpresas maiores. Embora, no essencial, seja muito do agrado do candidato e de seus apoiadores.
A atenção do momento deve se voltar mesmo para a briga entre Roberto Cláudio e Elmano Freitas. E, nesse tocante, o candidato pedetista precisa absorver as más notíciais que a pesquisa lhe dá buscando entendê-las com a profundidade que apresentam. O fato de o adversário direto ter encurtado o caminho em dez pontos de uma consulta para outra, crescendo de 13% para 20%, diz muito do que aconteceu no período e, mais preocupante para ele, sinaliza para o que está por vir. E não há boas notícias à vista.
No voto espontâneo, por exemplo, aquele em que o eleitor diz o nome antes de ser apresentado à cartela de opções, Elmano já aparece numericamente à frente de RC, um ponto apenas (12 a 11, respectivamente), mas já representa alguma coisa dentro de uma campanha que está apenas começando. Com o adendo de que 2% indicaram Camilo Santana, que não será candidato ao governo (mas ao Senado) e a partir de amanhã, com o horário em rádio e TV, intensificará seu recado de que apoia o candidato petista, com boas chances de transferir votos. Também aqui o Capitão Wagner assiste a briga à distância, com seus expressivos 26% de citações, muito embora isso represente dois pontos a menos na comparação com a anterior.
Roberto Cláudio, claramente, é quem sai mais pressionado dessa nova pesquisa do Ipespe. Sua campanha precisa de um choque e suas ações devem ser no sentido de contrariar a ideia que começa a ganha força perigosa de que seu problema maior é o isolamento. Claro que há lideranças políticas importantes apoiando-o, os números que apresenta estão longe de representar algo que se possa considerar desprezível, mas, é inevitável, na faixa comum que estabeleceu para uma disputa particular com Elmano Freitas está mais fácil, hoje, apostar no petista.
De alguma forma, os números e a realidade cobram do ex-prefeito de Fortaleza um choque estratégico que segure a turma mais abaixo lá onde está hoje e lhe garanta a impulsão necessária para chegar ao grupo de cima, tirando o Capitão Wagner do conforto no qual as circunstâncias acabaram jogando-o.
O Ipespe ouviu 1.000 eleitores do Ceará, com idade a partir de 16 anos, entre os dias 20 e 23 de agosto de 2022. A margem de erro do levantamento é de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos e o intervalo de confiança estimado é de 95,45%. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR-04538/2022 e no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE) sob o protocolo CE-07968/2022.
A política do Ceará e do Brasil como ela é. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.