Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Foi uma semana dura de acompanhar, numa perspectiva mesmo profissional, de alguém que desde a campanha presidencial de 1989 encontra-se inserido no contexto de coberturas jornalísticas do tipo. Nada que tenha acontecido nestes 33 anos apresentará qualquer semelhança, talvez nem mesmo por aproximação, com o que se observa agora em termos de desprezo quase absoluto a regras, liturgias, limites, éticas. A verdade é que a coisa parece fora do controle.
O último 7 de setembro foi algo pavoroso. Não pela presença de gente nas ruas, pelo fato de cidades país afora, inclusive Fortaleza, terem seus espaços públicos tomados por pessoas que queriam, de maneira legítima, expressar suas posições políticas diante do momento eleitoral, mas pelo ambiente, o clima, as agendas, as atitudes e, em várias situações, o conteúdo das falas. Quadro que fica ainda mais degradado quando os piores exemplos partem, em várias situações, daqueles que ocupam cargos públicos representativos e costumam, por isso, ser o espelho para quem os acompanha.
Uma síntese do que marcou a data de ruim está no trágico discurso em Brasília do presidente Jair Bolsonaro, agente principal da grande mobilização da última quarta-feira. Foi em torno dele que muitos sairam às ruas na data, o que lhe impunha um comportamento modelar, muito embora a linha que ele traçou tenha sido, exatamente, a contrária. Claro que a coisa já estava errada de antes, a convocação era sempre no sentido de lutar pela defesa de liberdades que na real não estão ameaçadas, por uma resposta ao que se considera "abusos" do Judiciário, por uma reação a ministro "a" ou "b", enfim, desde o começo a pauta esteve focada no interesse exclusivo do candidato ou do político e não na necessidade de lembrar o fato histórico, que era a comemoração pelos 200 anos de independência.
Como explicar que o saldo principal do dia seja um debate sobre a potência sexual do presidente da República, por ele próprio ressaltada de público, num discurso, para constrangimento nenhum da mulher, Michelle, ao seu lado, ou da plateia formada por uma multidão de "patriotas", uma parte dos quais evangélicos? Ressalto e destaco a condição religiosa de parte do público porque eles próprios gostam de demarcá-la como forma de ilustrar a diferença, talvez pela pureza espiritual de que consideram estar revestidos, em relação ao outro lado. Resta entender como fazer isso se adequar ao contexto de um grito eufórico e entusiasmado de "imbrochável" iniciado por Bolsonaro e acompanhado por vozes que talvez não entendessem, na forma e no conteúdo, o que exatamente estavam a reproduzir.
É, enfim, o que ficou de toda aquela barulhada. Além de uma terrível constatação de que já não temos mais como separar a ação do presidente do interesse do candidato, a partir de uma programação que confundiu o tempo todo o público e o privado, de uma maneira acintosa por onde Bolsonaro passava, e a impressão que dá é de que não dispomos de instrumentos para coibir tais desvios. Até temos, mas as circunstâncias colocaram nos papeis daqueles que deveriam fazer algo para acioná-los, personagens pequenos demais para entenderem que temos uma democracia sob ataque, nesse momento. Não há como encobrir isso.
A essa altura, o resultado que apresentar a apuração dos votos em 2 de outubro, ganhe quem ganhe, passa a ter importância relativa. Uma tarefa mais trabalhosa nos espera depois que tudo isso passar, com Jair Bolsonaro reconduzido ou não para mais um mandato: não podemos deixar que esse 7 de setembro de 2022 se repita com tudo que ele apresentou de depreciativo a uma situação de Estado Democrático de Direito que nos dê segurança de dizer que segue existindo.
Ouvi elogios à postura do deputado estadual, e candidato a uma vaga à Câmara Federal em 2022, André Fernandes, no grostesco episódio em que o Delegado Cavalcante aproveitou a movimentação política de 7 de Setembro para ameaçar com resposta à bala a uma eventual derrota "roubada" do presidente Bolsonaro na campanha dele à reeleição. É verdade, o parlamentar do PL, que até outro dia parecia capaz de coisa semelhante, demonstra maturidade ao repreender publicamente o correligionáro. Parece mesmo não ser mais aquele garoto inconsequente de antes.
Eis que no ano de 2022 registra-se no Brasil, em pleno sertão cearense, um anedótico (por enquanto) episódio em que duas pessoas decidem marcar um "duelo" para tirar suas diferenças, sendo um deles vice-prefeito. O outro, para matar a curiosidade do leitor, é influenciador digital. Data e local definidos (um movimentado shopping de Juazeiro do Norte, em hora de grande movimento), a coisa não se confirmou porque um deles diz ter sido aconselhado a faltar ao "encontro". Nomes, agora: de um lado, o político Geovani Sampaio; do outro, o youtuber Lukão.
De vez em quando, o nome Nelho Bezerra aparece aqui pela coluna. Normalmente para registros pouco edificantes da figura, que ganhou "destaque" ao substituir o Capitão Wagner, seu correligionário do União Brasil, na licença que tirou do mandato de deputado federal. É aquele que na estreia da tribuna se ofereceu ao presidente Bolsonaro para ser adotado como filho "06", coisa de gente sem noção. No que depender da justiça eleitoral o ilustre não terá chances de nos envergonhar outra vez, como neste episódio e em outros iguais, porque sua candidatura à Câmara Federal foi indeferida.
O plano de segurança das eleições no Ceará está todo definido, com mapeamento das regiões onde haverá necessidade de enviar reforço, inclusive, parecendo importante que ele funcione de maneira eficiente diante das características que está tendo a campanha de 2022. O dia da votação, 2 de outubro, mobilizará quase 7 mil homens da Polícia Mlitar, por exemplo, enquanto o Exército, força de apoio que se considera fundamental, terá outros 950 espalhados pelos 10 municípios cearenses que se definiu que hoje já exigem atenção especial. Fortaleza entre eles.
Muita gente dizendo-se cirista (apoiador de Ciro Gomes à presidência da República, portanto) indo às redes sociais, desde quando o Datafolha divulgou sua pesquisa mais recente, para anunciar mudança de voto. Um dos casos identificados, e confirmados, é do ex-presidente nacional da OAB e candidato a vice-governador no Rio de Janeiro, na chapa do pedetista Rodrigo Neves, Felipe Santa Cruz. Ele anunciou que em nome da necessidade que considera existir de derrotar logo Jair Bolsonaro, mudou o voto para Lula, do PT, no dia 2 de outubro próximo.
Calhou de o debate do Grupo de Comunicação O POVO entre os candidatos ao governo do Ceará acontecer na hora mais crucial da campanha desde quando ela começou, oficialmente. Capitão Wagner (UB), Elmano Freitas (PT) e Roberto Cláudio (DT) estarão frente a frente exatamente no momento em que as coisas começam a se definir, faltando três semanas para o dia da votação. Opções para acompanhar não faltarão, porque haverá transmissão pelas rádios O POVO CBN (FM 95.5 e AM 1010) e CBN Cariri (FM 93.5), pelo Canal FDR (canal 48.1 na TV aberta, canal 23 Multiplay, canal 24 Net e canal 138 Brisanet) e pelas redes sociais do O POVO (YouTube, Facebook, Twitter e TikTok).
"Temos um prazo para substituição se houver problema na chapa, mas eu estou confiante, achando que vai ser tudo resolvido.
"
A política do Ceará e do Brasil como ela é. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.