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A hora de uma nova estratégia para campanha do PDT
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

A hora de uma nova estratégia para campanha do PDT

Capitão Wagner, Elmano Freitas e Roberto Cláudio. (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Capitão Wagner, Elmano Freitas e Roberto Cláudio.

De alguma forma, os novos números do Ipespe se alinham com o que o momento da campanha eleitoral no Ceará expressava pelo clima concreto das ruas. No caso de Roberto Cláudio, do PDT, apresentava-se meio evidente, nos últimos dias, que entendeu-se necessário acentuar algumas diferenças com o adversário Elmano Freitas, do PT, exatamente aquele que surgiu de última hora para, numa fase inicial, disputar o voto de um eleitor que corria na mesma faixa que ele.

A diferença numérica que aparece na pesquisa, de um ponto percentual (23% para o petista, 22% para o pedetista), anda longe de ser capaz de gerar qualquer desespero. Extraído o aspecto mais objetivo e puramente numérico, porém, o fato de Elmano Freitas aparecer à frente a essa altura indica aspectos que, projetados, devem sim determinar uma discussão interna sobre a estratégia da campanha de Roberto Cláudio. Afinal, vislumbrando-se a observação de um eleitor que olha os dois candidatos como representantes de uma mesma faixa política, e eles o eram até muito pouco tempo atrás, a vantagem costuma ser de quem aparece num ritmo ascendente. Para o momento, sem dúvida, o representante do PT.

É desconfortável para o próprio candidato pedetista que uma circunstância criada exija dele, como aconteceu no debate do Grupo de Comunicação O POVO da última segunda-feira, um discurso crítico ao governo Camilo Santana, um dos principais apoiadores de Elmano Freitas. É uma mudança brusca, que ele tem até tentado manobrar com os limites recomendados, sabedor das perdas inevitáveis que viriam com ela.

A ideia seria, como fator de compensação, atrair para o candidato vozes críticas ao que aconteceu no Ceará nos últimos 16 anos, e não apenas nos últimos oito, ainda resistentes à ideia de abraçar a candidatura Capitão Wagner devido aos ares de bolsonarismo que ela simboliza, mesmo que de maneira involuntária. Ele próprio cita muito pouco, quando cita, o apoio que recebe do presidente e candidato à reeleição.

Um outro aspecto a considerar é que a dificuldade que Roberto Cláudio encara aqui apresenta semelhanças com o quadro desafiador no plano nacional que também enfrenta o pedetista Ciro Gomes como candidato à presidência da República. Os dois, Ciro e RC, ainda não conseguiram emplacar um discurso que fale à parcela do eleitorado que deseja mudança, com a dificuldade extra para o quadro local de a campanha ter sido toda originalmente montada, até que veio o rompimento, numa estratégia de continuidade.

Os novos números do Ipespe, que apresentam também o Capitão Wagner numa liderança confortável, com 36% das intenções de voto, estão longe de representar uma disputa perdida para Roberto Cláudio. Indicam, ao contrário, uma perspectiva de briga apertada até o final entre ele e Elmano Freitas por uma vaga que se imagina em disputa para o segundo turno. No entanto, já parecem suficientes para indicar como urgente a necessidade de uma mudança de rumos e de prioridades. Os dois, na real, disputam a condição de melhor representante de um caminho que busca manter e consolidar o que foi feito no Ceará desde 2006, sinalizando para o que precisa ser consertado ou ajustado, claro.

É difícil sair de uma posição de aliado incondicional para a de opositor incisivo sem gerar estranheza e isso tem acontecido em relação ao candidato do PDT ao governo. Está claro, no acompanhamento da série histórica do Ipespe que o aponta num movimento consistente de queda entre o primeiro levantamento e este último, que o eleitor não absorveu bem o movimento e a maneira que ele encontrou para lhe dar forma. A campanha deve analisar a pesquisa Ipespe com a racionalidade necessária para, nos 18 dias que restam até 2 de outubro, promover as mudanças exigidas pela realidade exposta em números. É questão de saber interpretá-los.

A pesquisa foi realizada entre 9 e 11 de setembro. Foram ouvidos mil eleitores via telefone, pelo sistema Cati Ipespe. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais para Guálmais ou para menos, com intervalo de confiança de 95,45%. A pesquisa é registrada no Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) com número CE-06344/2022 e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o protocolo BR-04596/2022.

 

 

Foto do Guálter George

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