Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Há momentos da campanha nos quais os movimentos reais dos candidatos de alguma forma antecipam as informações numéricas de intenção de voto que as pesquisas acabam apresentando. É o estágio em que se encontra a disputa pelo governo do Ceará, observada a partir do que foi marcante, em especial, na estratégia dos últimos dias de Roberto Cláudio, do PDT. A pesquisa Ipespe agora divulgada parece dar sentido a tudo que aconteceu.
O tom dos ataques do candidato pedetista contra Elmano Freitas cresceu bastante nos últimos dias. Havia, ali, indicativos de que o controle diário do humor do eleitor que é feito via pesquisas internas apontara um crescimento da diferença em favor do petista no comparativo com a apertada vantagem anterior registrada pelo próprio Ipespe, que era de apenas um ponto. Eis que ela agora aparece ampliada em mais oito pontos, configurando um quadro de bastante conforto para o adversário.
Claro que parece natural que se olhe para os outros lados num cenário de briga pela simpatia do eleitor e, circunstancialmente, que a prioridade seja para aquilo que na linguagem de campanha é definido como "desconstrução do adversário". O problema é quando a energia acaba concentrada demais nesse esforço, relegando a plano secundário a apresentação de saídas reais para os problemas. Talvez o eleitor cearense esteja sentindo falta disso ao olhar para a campanha de Roberto Cláudio em relação ao que ela oferece no momento.
A queda de nove pontos na opção pelo pedetista entre a primeira (tinha 28%) e esta pesquisa (aparece com 19%), numa série histórica de quatro levantamentos realizados num período de menos de dois meses, é resultado de uma combinação de erros seus com acertos dos adversários.
De quem lidera, o Capitão Wagner (União Brasil), que aparece hoje com 37% e segue na estratégia de jogar parado - outra expressão bastante usada em campanhas eleitorais -, e de quem passou a ocupar o segundo posto, Elmano Freitas, no caso, que saiu dos 13% registrados na consulta inicial ao eleitor para os 28% com os quais aparece nesta cujos números estão sendo revelados. O petista se vale dos apoios de Lula e Camilo Santana, utilizando-os à exaustão para chegar ao eleitor e conquistá-lo, uma ideia simples e que tem sido bem absorvida.
O jogo está perdido para o ex-prefeito de Fortaleza? Não, não está. Para além do lugar-comum que representa lembrar que trata-se de uma pesquisa sobre intenção de voto, algo que ainda precisa ser confirmado diante da urna em 2 de outubro próximo, restam ainda 10 dias até que este momento chegue. Roberto Cláudio é um político bem avaliado na região que o conhece como gestor e por quem mora na cidade que administrou, dispõe de um talento próprio, é bom orador, e, muito possivelmente, o erro está na estratégia que tem posto em prática.
Na avaliação da pesquisa anterior do Ipespe, a primeira que registrou uma troca de posição entre RC e Elmano, ainda dentro da margem de erro, sugeriu-se que era momento de o pedetista promover uma mudança de foco, de prioridades, de discurso, de estratégia, enfim. O que aconteceu, ao contrário, foi um fortalecimento ainda maior da linha que vinha sendo observada, apesar dos resultados ruins já colhidos à época, e o processo se acentuou desde então. Não havia como aparecer algo diferente agora.
O Ipespe ouviu mil eleitores entre 18 e 20 de setembro. As entrevistas foram feitas por telefone, no sistema Cati Ipespe. A margem de erro máxima é estimada em 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95,45%. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) com o número CE-04936/2022 e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com número BR-05066/2022.
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