Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Na primeira pesquisa do Ipespe da série histórica contratada pelo O POVO, em 4 de agosto, já chamara atenção o fato de Elmano Freitas (PT) aparecer com 13% das intenções de voto. Pareceu um ponto de partida que indicava boas perspectivas para a caminhada eleitoral, considerando-se que, era sabido, a campanha iria colá-lo às imagens de Camilo Santana e Luiz Inácio Lula da Silva, os fortes candidatos petistas ao Senado e à presidência da República, respectivamente, o que permitia projetar uma tendência clara de crescimento a partir dali.
Ei-o, então, fechando o primeiro turno com 39% e numericamente à frente do Capitão Wagner (União Brasil), que tem 37%, os dois, num quadro de empate técnico, descolados de Roberto Cláudio (PDT), que aparece com 23% e chega às vésperas do 2 de outubro em situação delicada na briga por uma das vagas para a próxima etapa da disputa pelo governo do Ceará. Os números contemplam a contagem de votos válidos projetados.
As circunstâncias ajudaram, os padrinhos foram determinantes, mas há de se reconhecer que o próprio Elmano teve um comportamento de candidato que também faz parte da explicação. Dosou ataques e contra-ataques, ao contrário do adversário com quem disputou diretamente a simpatia de um eleitor comum, no caso, o ex-aliado Roberto Cláudio, cuja linha estratégica inicial foi de focar negativamente no entorno de apoio do petista, especialmente em Camilo Santana. Com uma ênfase que parecia acima dos padrões.
Não funcionou, pelo que as pesquisas foram indicando e esta última antes do primeiro turno parece confirmar, obrigando-o a promover algumas mudanças de foco e postura nos últimos dias e semanas.
É evidente que seria simplismo demais dizer que apenas os padrinhos e o talento político pessoal que o candidato petista conseguiu demonstrar em momentos-chave, especialmente nos debates, sem edição, produção e nem imagem fabricada, explicam seu crescimento e o fato de chegar ao dia de hoje numericamente à frente de todos os adversários.
Esse cenário pode ter começado a se desenhar já com aquela frenética disputa inicial com Roberto Cláudio pelo apoio de prefeitos e lideranças interioranas, embora o efeito numérico, se sabia logo, apareceria apenas mais adiante. O problema, para os outros, é que talvez tenha surgido na melhor hora possível para Elmano, quando sobra pouco tempo para se fazer algo que consiga uma reversão na cabeça de um eleitor que a cada dia que passa se faz mais decidido em relação à sua escolha.
Também faz parte da explicação o fato de a governadora Izolda Cela, preterida na disputa interna com RC num processo que deixou sequelas, ter decidido se afastar da campanha pedetista e do próprio partido, numa fase inicial anunciando uma neutralidade que, na real, nunca houve. Até no comitê do PDT havia o entendimento de que em algum momento ela embarcaria no projeto liderado por Elmano Freitas e Camilo Santana, especialmente este último, de quem foi vice e que se indispôs com os antigos aliados exatamente por defendê-la como nome mais adequado para manter a aliança. Pode-se dizer hoje, até, que para salvá-la.
E é natural que tenha efeito nas decisões de apoio que um político toma uma recomendação feita por alguém que controla uma máquina pública poderosa, mesmo que o discurso seja que uma coisa está separada da outra, que o governo não pode ser confundido com a eleição etc.
O fato é que parecia projetável o quadro que o Ipespe apresenta nesta pesquisa que fecha o primeiro turno. Em resumo, ele expressa erros e acertos das forças principais envolvidas e, mesmo que ainda seja necessário esperar que tudo se confirme nas urnas, ao longo do dia de amanhã, apresenta coerência com o que é perceptível no clima das ruas.
É esperar, agora, para ver o que acontecerá quando a intenção virar voto.
O Ipespe ouviu mil eleitores do Ceará entre os dias 28 e 30 de setembro. As entrevistas foram feitas por telefone. A margem de erro máxima estimada é de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95,45%. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) com número CE-07388/2022 e no Tribunal Superior Eleitoral 9TSE) com o protocolo BR-02064/2022.
Percentuais que não fecham 100% se devem a arredondamento ou são perguntas com múltiplas alternativas de resposta.
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