Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
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O PDT do Ceará vive uma crise interna que exigirá um nível de compromisso com a causa partidária que nem todos os envolvidos nos esforços de superá-las demonstram-se capazes de garantir. Observando-se o histórico de cada um, pode-se até dizer que a maioria deles costuma, em momentos críticos, adotar caminhos que priorizam mais seus projetos e interesses pessoais imediatos, o que indica motivos de preocupação em relação ao futuro pedetista na perspectiva de manter a força que hoje apresenta. Por exemplo, ostenta a maior bancada na Assembleia Legislativa e o maior número de representantes entre os 25 parlamentares que o eleitor cearense mandou, pelo voto, ao Congresso Nacional, contados deputados e senadores.
Para fazer justiça, o presidente da executiva regional, André Figueiredo, não cabe na definição acima. Pelo contrário, no seleto grupo que participa das conversas sobre o futuro do PDT a partir da cúpula, talvez seja o único capaz de olhar a situação enxergando a perspectiva partidária antes de considerar os próprios interesses, no sentido mesmo pessoal. Lembremos, trata-se de um filiado histórico ainda do tempo em que militava na juventude brizolista, quando ainda se exigia algum nível de compromisso com a causa. É um vínculo, portanto, que vai além do partido, em si.
Não há como dizer o mesmo do senador, e ex-governador Cid Gomes. Ou do ex-prefeito, candidato derrotado ao governo do Ceará no ano passado, Roberto Cláudio. Tampouco do atual gestor de Fortaleza, José Sarto, ou até do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Evandro Leitão. Atores políticos que se somam a André Figueiredo na condução do diálogo interno que busca entender o momento pedetista para projetar, a partir das conclusões, os próximos passos estratégicos necessários à manutenção do tamanho que o partido ainda apresenta no plano estadual. O que predomina hoje é meio que um salve-se quem puder.
À exceção de Figueiredo, todos marcados na política por uma certa flexibilidade partidária, movimentando-se entre as legendas ao sabor do que determinar a contingência de momento. Conviria olhar para o que aconteceu no primeiro grande teste, com a análise pela Assembleia do pacote de medidas encaminhado pelo novo governador, aprovado com apoio predominante dos pedetistas. De verdade, apenas três dos 13 componentes da bancada portaram-se como oposição, que é para onde uma parte dos líderes envolvidos na fase atual dos debates internos gostaria de encaminhar oficialmente o partido. Há o risco muito claro, numericamente aferido neste episódio político inicial, de ficarem falando só.
A verdade é que os responsáveis por tentar manter a unidade pedetista, se aceitam conselho, devem evitar movimentos bruscos, quaisquer que sejam, pelo risco de oferecerem a oportunidade que alguns correligionários certamente buscam para, pondo fim ao dilema (que não é deles) de ser da base ou de oposição ao governo estadual de Elmano de Freitas, do PT, buscarem um abrigo que lhes dê mais tranquilidade para projetarem 2024. Sempre é importante lembrar, um ano eleitoral.
"A gente acha que esse projeto é o mesmo. Então, por que nós vamos divergir? Por uma questão pessoal, de fígado?"
Juazeiro do Norte é aquele município cearense cujo eleitorado, até hoje, nunca reelegeu um prefeito. Glêdson Bezerra (Podemos) acredita ter chances de quebrar a escrita, mas enfrenta uma situação política esquisita e precisa estar atento ao que acontece à sua volta. Outro dia, na Câmara de Vereadores, sua gestão foi duramente atacada devido a problemas alegados na contratação de máquinas pesadas e na coleta do lixo. Uma das vozes mais ativas nas críticas era do vereador Rafael Cearense (Podemos), que vem a ser líder do prefeito de casa. Dá pra entender?
Aquela história de que poderia haver acordo político entre os grupos que vivem às turras na disputa pelo poder político em Sobral, até com possibilidade de uma histórica chapa única, parece, hoje, mais inviável do que nunca. Agora deputado estadual, o empresário Oscar Rodrigues confirma disposição de ser candidato à sucessão do prefeito Ivo Gomes (PDST), a quem faz oposição, avaliando que a gestão atual paralisou economicamente o município. "Não há indústria nova, não há nada", reclama ao anunciar-se pré-candidato, para finalizar com uma frase de efeito meio desconexa: "o único desenvolvimento que vejo hoje são pinturas de meios fios".
A operação de venda da Enel, já em curso, não será suficiente para arrefecer a disposição dos críticos da atual concessionária de energia pela qualidade (falta dela, na verdade) do serviço prestado nos últimos anos ao consumidor cearense. O deputado estadual Fernando Santana (PT), vice-presidente da Assembleia, colocou um dossiê debaixo do braço e circulou durante dois dias por gabinetes em Brasília, do Congresso, do governo e de instituições fiscalizadoras, expondo a situação e articulando apoios para a luta que vai prosseguir, avisa, adiantando que uma mudança de mãos pode mudar seu humor em relação ao futuro, mas quanto ao passado quer identificação de responsáveis e as punições devidas.
Aceleram-se as conversas para um abrigo definitivo na base governista do grupo do ex-deputado, ex-vice-governador e conselheiro aposentado do Tribunal de Contas, Domingos Aguiar Filho. Vale também lembrar, companheiro de chapa de Roberto Cláudio em 2022, como candidato a vice-governador. A bancada do PSD na Assembleia, da qual faz parte uma filha dele, a deputada Gabriela Aguiar, fechou com as propostas do governo Elmano em quase todo o pacote encaminhado à apreciação do parlamento, com algumas abstenções pelo caminho. Mais recentemente, o partido entrou no blocão que será liderado por um representante do PT, De Assis Diniz, o que também quer dizer algo
Frustração seria um termo exagerado, mas ficou um clima de decepção no Cariri com o cancelamento, de última hora, da visita que Camilo Santana faria à região na última sexta-feira. A primeira como ministro da Educação, o que vinha determinando uma expectativa muito grande e algumas iniciativas de homenagem ao filho ilustre que chegara a um dos postos políticos mais cobiçados e importantes da República. Camilo iria fazer uma visita às obras da Faculdade de Medicina em Barbalha, exatamente sua cidade natal e onde começou sua trajetória política. Promete ir lá assim que permitir sua agenda, uma das mais disputadas do momento de reconstrução do setor que passou a comandar.
Ok, a oposição ao governo Lula conseguiu (e comemora) as assinaturas necessárias para instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito para investigar o que aconteceu naquele trágico 8 de janeiro em Brasília. O natural é que a mesa do Senado instale o núcleo, peça as indicações às lideranças partidárias e a coisa vá adiante na busca de explicações. Um dos mais empenhados em colher assinaturas, o deputado federal cearense André Fernandes (PL) poderia aproveitar e se colocar à disposição para dar seu próprio depoimento, lembrando-se que é réu em processo que já corre na justiça, acusado de... envolvimento com os atos democráticos que agora vai investigar.
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