Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
A impressão que se tem, às vezes, é que alguém definiu que Lula, eleito para governar, deve ser impedido de fazê-lo. Vê lá o caso recente das taxas de juros, em que se tentou estabelecer uma espécie de censura ao presidente da República após suas críticas a Roberto Campos Neto, sob o argumento de que ele não deveria atacar o comandante do Banco Central porque isso indicaria um "golpe" na autonomia que a instituição precisa para levar adiante sua missão principal de trabalhar por uma inflação em níveis civilizados no País. Um blá-blá-blá sem fim.
Além disso, uma inversão de valores incompreensível, porque ao mesmo tempo em que impõe um limite inexistente de atuação para aquele que foi eleito com o voto popular quer garantir liberdade plena a quem está no cargo, indicado por alguma circunstância política de ocasião, para cumprir uma missão que necessariamente precisará estar inserida dentro de uma ideia de governo. No entanto, criou-se no Brasil uma lógica de que quem preside o Banco Central não precisa dar satisfações a ninguém, muito menos a quem estiver governando o país. Faz sentido?
Não, não faz. É a mesma situação que se observa agora com os sinais de preocupação diante da disposição do governo Lula de alterar a política de preços dos combustíveis, o que exigirá uma mudança de nomes e de perfis no conselho da Petrobras já objeto de uma resistência do mercado financeiro, operada por forças políticas que o representam. De novo a história de que é uma intromissão indevida, de que não seria um assunto de interesse público e coisa assim, buscando-se engessar uma ação de Estado que no momento parece necessária na perspectiva da sociedade.
No sentido real do termo, não buscando enxergar o que diz respeito apenas aos tais investidores, vale dizer, uma parcela expressiva deles que sequer no País vive. Portanto, o efeito concreto sobre o dia-a-dia das pessoas (eu e você que está lendo este texto e desloca-se pelas cidades brasileiras todo dia) de um valor maior ou menor na bomba não lhes diz respeito.
É compromisso assumido por Lula quando candidato rever a política de preços dos combustíveis. É sua obrigação, empossado, mover as peças necessárias para viabilizar que isso aconteça, ou, por outro lado, ter transparência em explicar porque seremos obrigados, caso seja esta a decisão tomada, a continuar pagando pelo litro de gasolina ou óleo diesel que consumimos o mesmo valor que se pratica no mercado internacional, apesar de os nossos custos internos de produção serem mais baixos.
É insultuoso que a Petrobras siga oferecendo os maiores dividendos do mundo às custas da intocabilidade de uma política que ao brasileiro comum não interessa que continue.
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